Embora a vacância seja normal quando do falecimento do Papa, esta se reveste de uma excepcionalidade por ser fruto da renúncia do seu ocupante Bento XVI, fato que está causando os mais diversos comentários, as mais variadas suposições.
Os tradicionais palpiteiros, também conhecidos como vaticanólogos tentam descobrir os motivos que levaram Bento XIV a renunciar, como se fácil fosse desvendar segredos de uma instituição cuja competência em oculta-los é indiscutivelmente excepcional.
Não restam dúvidas que os abusos sexuais - que sempre ocorreram, o comportamento inadequado de muitos dos seus membros, escândalos pipocando aqui e alhures, não mais acobertados como outrora em decorrência do poder ditatorial que possuíam, a certeza que a excomunhão deixou de representar temor e passou a ser "status" minou os alicerces da Igreja Católica e com isso a perda acentuada e acelerada de fiéis.
Junte-se a isso o secular jogo de intrigas da Cúria, um serpentário muito mais preocupado com o poder temporal do que o espiritual, que certamente levou a maioria dos seus membros esquecer a resposta de Jesus a Pilatos: "Meu reino não é deste mundo", vem abalando uma Instituição que pelo que representa para a humanidade deveria ser vista por suas eminências, os cardeais, com mais desprendimento e amor ao próximo e menos amor ao poder e interesses pessoais.
Somente o tempo dirá se foi benéfica ou não para a Igreja a renúncia de Bento XVI. O noticiário, as mensagens de Sua Santidade entre o comunicado e efetivação da renúncia, se claros não são, indicam que as suas condições físicas certamente influíram na sua decisão mas não forma os reais motivos. Também não foi a sua posição manifestada anteriormente de que o exercício do papado deveria ser por prazo determinado. Até porque se ele tivesse uma convicção de ser melhor para a Igreja, por decreto papal ou pela aprovação em Concílio conseguiria que sua ideia vingasse.
A verdade é que um número razoável de pastores deixou escancarar que sua preocupações maiores não eram fazer com que o rebanho retornasse ao redil e sim que as ovelhas desgarradas, mesmo desprovidas de lã aquecesse-os com ingredientes mais palpáveis e certamente mais quentes que o fogo do inferno.
"Deixai os mortos enterrar seus mortos" nos recomendou Jesus. Ou seja, Papa morto não consegue fazer seu sucessor. No caso presente, difícil acreditar que ele não influa na eleição do novo ocupante do trono de Pedro. E, a depender das diretrizes do novo Pontífice saberemos se foi uma atitude reformista, corajosa ou apenas uma saída pela tangente e assim evitando enfrentar um problema que não lhe agradava encarar.
Virgilio, você não deve ficar tanto tempo sem escrever. Seus textos são sempre com muito conteúdo.
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