De leve, de levinho, devagar, devagarinho, foi
chegando de mansinho. Machucou mas não doeu, feriu mas não sangrou. Só um
pouquinho... bem pouquinho.
Naquela manhã, bem cedinho, quando o dia nem abrira os olhos, quietinha como um gato
no sofá veio para o encontro marcado não lembrado quando nem para quando. Meio dormindo meio acordado, embriagado
pelo sono não despertado, disse: ela chegou... para ficar.
Era o sentimento saudade que durante muitos anos
dormitara no seu leito sem me incomodar, consciente que um dia chegaria para me
lembrar de um passado que se tornou distante pelos milhões de passos que nem
adianta contar.
Lendo os meus pensamentos mal despertos e antes que
eu dissesse alguma coisa, foi logo prevenindo: esqueça a frieza dos números, nada de
contagem dos dias, das horas e dos segundos passados e muito menos que vim para lhe reavivar o passado. Meu nome é saudade e não me confunda, por favor, com regressão. Vim para lhe dizer que minha tarefa é não deixar apagar de sua memória seus bons momentos que não foram poucos até hoje. Sou semelhante ao pão da vida onde você se alimenta diariamente, embora quase sempre esteja abrindo e valorizando a gaveta da regressão que não se preocupa em separar o joio do trigo e normalmente coloca em cima os momentos tristes, de profundo sofrimento alimentando-lhe o sentimento de culpa.
Aprenda a saborear-me como se fosse sua sobremesa preferida pois sou a sobremesa da vida, o bem maior que Deus nos deu.
Aprenda a saborear-me como se fosse sua sobremesa preferida pois sou a sobremesa da vida, o bem maior que Deus nos deu.
Esse encontro ao alvorecer fez-me vê-la não mais
como um sol poente onde seu clarão aos pouquinhos vai cedendo seu posto à escuridão, nem uma cerimônia do adeus.
Não é. Ela é realmente o supremo prazer do saborear os momentos inesquecíveis da nossa vida.
Agradáveis ou não, foram momentos. Os desagradáveis esconda-os a sete chaves na gaveta da regressão e jogue-as fora. Dos agradáveis sinta o prazer.
Tratemos a saudade com carinho e amor, sem dor, sem
sofrimento, sem remorsos. Façamos dela uma amiga, uma dileta amiga que nos diz o que precisamos
ouvir, e não o que gostaríamos de ouvir. É a fiel e sincera amiga que nos alerta o que não
seguir e aponta e estimula o caminho, o bom porvir.
Saudade não é paixão, sentimento passageiro e sim,
amor à vida em constante renovação.
Saudade é o sentimento que não morreu.
Saudade é o sentimento que não morreu.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue belo texto amigo.
ResponderExcluirTambém gosto muito de suas doutrinárias.
Abraços fraternos.
Isabella Pacheco Pereira
Para ter o prazer de ler textos assim, é que insisto no tema: Não pare de escrever. Um grande abraço.
ResponderExcluirMuito obrigados a ambas e também pelo estímulo Raquel. Prometo seguir seu conselho.
ResponderExcluirQue texto lindo Virgílio. Muito obrigado, sua sabedoria é um grande alento.
ResponderExcluirMeu fraterno abraço e um beijo imenso!
Fico muito grato pelo seu comentário muito importante paramim.
ResponderExcluirBeijão fraterno.