segunda-feira, 12 de outubro de 2015

QUEM RI POR ÚLTIMO...*

    “Não trabalhem demais, porque isso o baiano não gosta”. Essa gracinha foi dita pelo ministro Nelson Jobim em solenidade para 200 marinheiros e representantes de ONGs durante encontro promovido pela Organização Marítima Internacional, uma agência da ONU, em hotel à beira mar em Guarajuda, na presença de várias autoridades baianas, inclusive o governador em exercício Sr. Edmundo Pereira. Eu, que jamais votei no senhor Antonio Carlos Magalhães, melhor ainda: em nenhum candidato apoiado por ele, por não concordar com seu estilo de fazer política, dos seus métodos truculentos, mas que reconheço ter contribuído para o nosso desenvolvimento e por não deixar barato aqueles que não respeitavam a Bahia, se vivo fosse, teria reagido imediatamente  no seu melhor estilo “Malvadeza”, o que seria bem merecido. 
     Por graça ((muito sem graça), falta de educação, de respeito ou por tudo isso junto, o Sr. Ministro, no seu mais tradicional estilo de elefante em casa de louça, foi de uma grossura inominável. Aliás, o Dr. Nelson, arrogantemente, ao assumir o ministério reclamou do tamanho das poltronas dos aviões que não acomodavam confortavelmente seu corpanzil, sinalizou o fechamento de Congonhas e a construção de novo aeroporto em São Paulo. Novo aeroporto não haverá, as poltronas continuam do mesmo tamanho e Congonhas continuará funcionando com pista reduzida em 300 metros por motivo de segurança.
     Dr. Nelson talvez tenha razão em dizer que os baianos não gostam de trabalhar, talvez baseado no seu exemplo de trabalhador incansável. Tão incansável que quando constituinte, para não perder tempo dormindo, aproveitou-se da noite para enxertar na constituição que era votada no Congresso, artigos à sorrelfa, violando o direito do cidadão brasileiro através dos seus representantes. Tão a sorrelfa como alguns de seus conterrâneos (Costa e Silva, Médici e Geisel) violaram os direitos de milhares de brasileiros. Tão trabalhador que preferiu renunciar ao cargo de ministro do STF por se sentir entediado pela ociosidade de relatar tão poucos processos durante o ano. Mais de meia centena segundo dizem.
     Falando sério, acho que não falou para ofender não. Tanto que na tradicional retratação, quando tentou consertar o que não tinha conserto, declarou; “Não disse que o baiano não gosta de trabalhar. Disse que o baiano é inteligente, que sabe que trabalhar dá neurastenia e intolerância. Agora, trabalhar com lazer e prazer, que é o que o baiano faz, é o que traz a possibilidade de sorrir”. Com todo respeito: só...rindo.
     Agora entendi porque os gaúchos gostam tanto de nos locais mais inadequados para tal, usar aqueles trajes típicos e no calor escaldante do meio dia, em plena praia no nordeste, em vez de beber uma caipirosca com frutas típicas da região, com bastante gelo, açúcar ou adoçante ou uma cervejinha bem geladinha trazida pelo garçom e apreciando as bundas das branquelas, morenas, mulatas e negras, preferem carregar uma térmica com agua quente e ficar segurado uma cuia na mão bebendo aquela bebida amarga chamada chimarrão: para nos fazer rir.

     * Artigo publicado no JNS – Jornal Nacional de Seguros em setembro de 2007. Como se vê continua o falastrão de sempre.
C U R T A S
·        O regimento da Constituinte proibia que as matérias aprovadas em plenário sofressem qualquer alteração de mérito.
·        Nelson Jobim foi sub-relator da Comissão de Sistematização (redação final) da Constituinte. Em 2003, Ministro do STF o ex-deputado Nelson Jobim confessou que na comissão citada, introduziu um item que nem foi discutido nem votado pela Constituinte. Não revelou qual.
·        Em 2006 os professores Adriano Benayon e Pedro Rezende, da Universidade de Brasilia e também consultores legislativos da Câmara e do Senado publicaram a fraude na internet.
·        Onde ocorreu a fraude: o § 3º do artigo 166 da Constituição continha apenas duas alíneas, a e b. Ele incluiu um novo b e o b original passou a ser c.
·        O b enxertado por Jobim diz o seguinte: b) serviço da dívida.
·        Duas palavrinhas que tem sido a alegria dos banqueiros.


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