domingo, 18 de dezembro de 2011

NÃO VALE O ESCRITO

    Deu "zebra" no jogo do bicho esta semana no Rio. Depois da ocupação das favelas parece que a atenção da policia carioca é ferir profundamente uma das mais tradicionais facções criminosas do país: o jogo do bicho.
    O aparantemente "inocente" joguinho dos vinte e cinco bichinhos tem por trás de si uma série de violações do Código Penal que vai da simples contravenção ao assassinato, passando pela lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, extorsão, etc., etc., etc. A sua eficiente estrutura organizacional e a conivência de algumas pessoas corruptas que fazem parte da folha salarial dos "banqueiros" são os principais responsaveis para que ele continue resistindo ao tempo e a concorrencia da "banca de bicho" do governo federal via Caixa Econômica.
     Lógico que a grande maioria dos brasileiros acostumados com essas incursões policiais no setor sem resultados mais eficazes duvidam que Anísio, Luizinho e Helinho assistirão o desfile de suas escolas atrás das grades. Pode até  acontecer porém o mais provável é estarem nos seus luxuosos camarotes na Passarela do Samba, rodeado de belas mulheres, muita bebida, mesas fartas e ilustres convidados cantando o samba enredo, vibrando com as alegorias e se extasiando com bundas e peitos.
     Da bem organizada e espetaculosa operação por terra e ar, mesmo sem conseguir prender os chefões, perdoem-me a inocência, parece-me que o jogo do bicho desta vez foi ferido profundamente. Não pela operação em si mas pela revelação de que a ganância dos seus chefões acabou com o "romantismo" do joguinho. Sim, aquele pedacinho de papel chamado "pule" onde o bicheiro anotava a aposta entregando o original ao apostador e ficando com a cópia contendo no rodapé a famosa frase "Vale o que está escrito" não tem mais valor. As maquinetas que substituíram  as "pules" possuem outra finalidade além de registrar a aposta: informar o "banqueiro" em tempo real os números jogados e com isso permitir a manipulação do sorteio. Mataram a "credibilidade" do jogo.
     Os águias da contravenção com mão de gato foram e são uns cachorros. Pensaram  que o burro do apostador jamais tomaria conhecimento da tramoia e eles continuariam cantando de galo. Esperamos que os viciados não tenham o comportamento da avestruz e tenham aprendido a lição. Que o leão da Receita vá fundo no patrimonio conquistado de maneira criminosa e como elefantes em loja de louça não deixem pedra sobre pedra.
     Quando não podemos mais confiar no "Vale o que está escrito", so nos resta dizer: "Deus seja louvado".

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