domingo, 18 de março de 2012

UMA MULHER DE VERDADE



        A figurinha frágil da foto cujo peso dos 82 anos e ação da osteoporose outrora foi linda, elegante e vaidosa. O tempo, a doença e a vida nem sempre cor de rosa, levou-lhe  o viço, o vigor e a saúde não foi suficientemente forte para turvar-lhe a mente, o sentimento crítico, o amor e dedicação aos seus familiares, a vontade permanente de servir, mesmo sabendo que as condições físicas não mais atendiam ao comando de um cérebro lúcido e ágil.
      Ontem sepultamos Babu aqui em Salvador em cerimonia com a presença quase exclusiva dos filhos, netos, sobrinhos e alguns amigos pois morando em Olinda aqui viera passar uns dias na casa dos sobrinhos Ana Luiza/Nilton.
       À noite na casa de Saturnino (Nino), reunidos filhos e sobrinhos além de rememorar passagens de sua vida começamos a comentar conversas isoladas dela nessas duas últimas semanas e descobrimos a personalidade de uma mulher que todos nós apenas víamos como alegre, corajosa, anfitriã excelente, cozinheira de mão cheia (daquela que achava que se você não comesse bastante não gostara do sua comida), esposa dedicada, mãe, avó, tia mãe e tia avó que todos sonhamos.
       Descobrimos que aquela mullher que sepultaramos à tarde, de  nivel primário de educação, além da capacidade de luta que todos conheciamos e elogiavamos trazia dentro de si uma inteligência e sabedoria surpreendente. Que tinha conhecimento dos erros que cometera e que, se suas consequências não podiam ser consertadas, uma coisa ela não permitiria: que eles gerassem consequências irreparáveis. E, se para tal precisasse transparecer que não sabia o que se passava ao redor, assim faria com muita competencia e maestria.
     Babu se foi para ficar ao lado de Miranda, seu  companheiro de quase 60 anos que partiu em dezembro passado. Deus atendeu seu pedido de não ir antes dele para que ela pudesse com muita dedicação e amor cuidar do seu velhinho cujos ultimos anos de vida foram uma sucessão de doenças crônicas que exigiam dela uma atençao constante e uma dedicação exclusiva que somente ela teria condições de fazer.
     Com a certeza do dever cumprido ela se foi. De lá, onde estiver, certamente nos enviará a iluminação que precisamos para aplicar no  nosso dia a dia as lições que nos legou.



6 comentários:

  1. Pena não ter tido a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas, ouvi falar bastante dela. Seu texto como sempre muito bonito, obrigado !

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  2. Um grande abraço para toda a família. Me lembro com carinho da Babu, que sempre recebeu a mim e aos meus filhos, com muito alegria e muita comida boa.

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  3. Como vc escreve bem. Sem conhecer as pessoas relatadas no texto vc consegue me emocionar

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  4. Lindo texto tio, descreveu muito bem essa pessoinha que foi a melhor avó do mundo. Bjo p o senhor!

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  5. Babu, foi minha tia avó.. muito mais mãe, avó, irmã do que qualquer outra coisa em minha vida. Nossa ligação é tão forte e intensa q tenho certeza q ela irá cumprir as promessas q me fez, q para sempre estaria comigo, mesmo qdo não pudessemos mais nos ver, iriamos estar proximas no coração, nas lembranças e nos sonhos. Há 3 anos eu estava morando fora e nossos contatos por telefone sempre muito emotivos, me davam mais força de viver e de querer mais uma vez falar com ela, saber como estava e claro ouvir suas sábias palavras, quem a conhecia sabe bem como ela era capaz de abrandar um coração com toda a sua luz e sabedoria. Qdo soube q eu estariamos voltando, meu marido e nossos 2 filhos, ficou super feliz pois queria conhecer minha pequena princesa nascida fora e rever o meu mais velho, a quem ela muito amava e sempre lembrava da minha responsabilidade de te-lo, por ele ser de muita luz e o mais evoluído espírito em nossa família, como ela dizia. Marcamos o nosso encontro pra assim q estivessemos em Recife, nos juntarmos e tirarmos mais fotos, ela adorava as fotos q a mandava. Chegamos no dia 3 de março, numa viagem muito cansativa q durou quase 28h com os contratempos da TAM.. enfim, ainda no aeroporto perguntei a minha mãe se podiamos ir ve-la no domingo 4, numa ansiedade dentro do peito como se já precisasse antecipar o encontro.. com um medo de perder.. e soube q ela nao estava em Recife, então combinamos pra ve-la assim q ela voltasse, pois tinha ido passar uns dias em Salvador.. e nós aqui contando os dias, literalmente. Eu estava muito ansiosa pra reve-la 3 anos depois. E de repente.. num comentário de facebook, 14 dias após a nossa chegada, vejo minha prima escrever sobre "Saudades Eternas" com uma foto de Babu. Não pude acreditar, no auge dos seus 10 anos, meu filho chorou junto a mim, pois perderiamos alí nossa amiga-avó querida e amada, sem a chance de realizarmos o encontro q tanto combinamos. Fica no peito um nó q a muito custo em oraçoes tentamos desatar, pois sei bem q mesmo sem podermos nos rever, seremos sempre muito amados por ela e a amaremos incondicionalmente, onde ela estiver. Te amo minha Bábu, linda, especial e eterna. Que a sua luz brilhe agora lá do céu a continuar nos iluminando como antes fazia com seu olhar e doces palavras. Com muito amor, Michelle, Chiquinho, Lucca e Louise.

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  6. Lindo texto prima, tb vou quardar um nó no peito por n ter me despedido! bjo p vcs =*

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