Pela
lei, dispensado: mais de setenta. Pelas condições físicas triplamente dispensado:
fratura do pé esquerdo, perna com tala até quase o joelho e relacionamento
difícil com o par de muletas.
Os filhos não concordaram com a minha decisão por
entenderem – com razão, que eu poderia piorar a situação. Porém Virgílio, mesmo
discordando me levou com muito cuidado e carinho.
E por que fui? Por ser um velho rabugento?
teimoso? cabeça dura e até um tanto irresponsável? Nada disso. Simplesmente
por respeito à democracia, onde o voto é o grande avalista do estado democrático
de direito.
Mas as ditaduras também realizam eleições.
Sim, sem dúvida. Nesse caso a leitura deve ser vista por outro prisma: 1º) num
regime de total hipocrisia, os ditadores que adoram a liberdade, tanto que têm a
sua e a do povo que subjugam, fingem realizar "eleições livres" para satisfazer seu ego,
e valorizar seu cinismo. 2º) a cada "eleição" que realizam, ficam na ansiosa
expectativa de que os eleitores diminuam sua participação até o dia em que possam aboli-las, com a justificativa
de que o povo, satisfeito com o
regime dispensa tal "penduricalho".
Não se melhora a representação política
sem eleições, sem o livre direito de opinar, não importa qual sua preferência
partidária.
Eleição é também e principalmente para o
eleitores um excelente aprendizado porque somente votando com regular
periodicidade aprendem melhor escolher aqueles que irão representa-los
nas assembleias ou no executivo nos quatro anos seguintes.
Aos poucos, conscientizando-se da sua responsabilidade
no processo vão eliminando os defeitos de votar por amizade, troca de favores,
dinheiro ou promessa de um emprego público.
Para encerrar um fato ocorrido comigo no elevador da escola após ter votado. Um cidadão, provavelmente querendo ou me elogiar ou indagar se valeu a pena o sacrificio disse-me; "Pronto, seu prestígio terminou." Respondi-lhe: Engano seu. Meu prestígio continua, pois eles vão sempre precisar do meu voto para se elegerem.
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