JOAQUIM BARBOSA

     A posse hoje, do ministro Joaquim Barbosa como presidente do Supremo é um fato importante da mesma maneira como foram as posses de todos os seus antecessores. Ressaltar o fato por ele ser negro é, de maneira sutilíssima uma forma de preconceito, como a dizer que os brancos permitiram que um negro chegasse ao Supremo e mais, à presidência.

     Joaquim Barbosa foi convidado pelo presidente da República e aprovado pelo Senado para o STF por possuir profundos conhecimentos jurídicos e reputação ilibada. À presidência pelo sistema de rodizio praticado pelo tribunal onde o ministro mais antigo da Casa e que ainda não tenha ocupado o cargo passe a exerce-lo pelo período de dois anos. 

     De origem humilde conseguiu por méritos próprios, muito sacrifício pessoal, dedicação constante aos estudos, capacidade de superar problemas físicos que o atormentam diariamente, sua excelência é hoje para muitos pais o exemplo que seus filhos devem seguir para que amanhã possam galgar posições de destaque e também modelo  para os mais jovens.  

     Mas como ninguém é perfeito, Joaquim Barbosa ainda precisa burilar bastante seu temperamento, frear o seu ego, moderar seus impulsos, calçar as sandálias da humildade e ter sempre em mente - para o seu próprio beneficio e biografia, que a vida é passageira e os cargos efêmeros. 

     A história está repleta de exemplos de pessoas com temperamento vulcânico que após assumirem posições de significativa importância - certamente o grande objetivo de suas vidas, mesmo sem saber, passaram por uma transformação radical em seu comportamento.A responsabilidade e a liturgia do cargo moderaram sua atração pelo embate para a moderação saudável, sem perda de autoridade. É isso que esperamos do ministro Joaquim Barbosa a partir de hoje na condição de Presidente da Suprema Corte. Que o temperamento forte ceda lugar a moderação, o que não significa abrir mão de sua autoridade e conceitos.

     Mais do que confiar no Supremo, uma  obrigação nossa por se tratar do guardião da Constituição, precisamos crer que seus ministros, são pessoas dotadas de conhecimento, caráter e responsabilidade suficientes para a dificílima tarefa de julgar.