Surpreendido positivamente pelo
resultado do julgamento dos policiais que executaram o massacre do Carandiru, cabe aqui algumas colocações que considero importantes. A primeira foi pela condenação dos réus, passados mais de vinte anos da ocorrência das execuções. A segunda é que o longo tempo
decorrido entre o fato e o julgamento favorecia a absolvição dos réus, principalmente devido à violência crescente, a sensação de impunidade cada vez maior, levando muitas pessoas a pensar como marginais: executá-los sempre, ou seja, instituição da pena de morte.
Essa talvez seja a pior das violências; levar-nos a pensar e provavelmente a agir como marginais, esquecendo que esse comportamento em vez de diminui-la gera mais violência e nos iguala com aqueles que fazem do desrespeito às leis o seu catecismo.
Essa talvez seja a pior das violências; levar-nos a pensar e provavelmente a agir como marginais, esquecendo que esse comportamento em vez de diminui-la gera mais violência e nos iguala com aqueles que fazem do desrespeito às leis o seu catecismo.
Marginais por sua deformação
moral são desprovidos de caráter, consequentemente não respeitam leis, desconhecem ética, criam seus próprios códigos de comportamento e se guiam pelo instinto animalesco que os diferencia do
homem de bem. É obrigação do Estado puni-los com o rigor dos instrumentos que dispõe e que não são poucos, separa-los do
convívio da sociedade sem abdicar do compromisso legal de trata-los como gente que são, mesmo com a deformação de caráter que são portadores.
O Estado que tortura, que mata aqueles que se encontram sob
sua tutela desrespeita suas próprias leis, age de maneira marginal, estimula a violência, foge ao seu dever de Estado e a todos nós iguala por baixo. E o
cidadão que corrobora esse comportamento do Estado, muitas vezes aplaudindo, sem saber, está abrindo mão de sua condição de cidadão e correndo por omissão o sério risco de no futuro também ser tratado como tal, vindo a ser
vítima das mesmas ações violentas que hoje defende e aplaude.
A terceira é que o veredito foi muito além do fato de condenar criminosos. Foi a mensagem cristalina de que não aceitamos, não concordamos e exigimos dos poderes constituídos o cumprimento de suas obrigações, combatendo e segregando os infratores da lei, não importa o nível do delito.
O poder constituído tem obrigação de fazer com que os condenados cumpram efetivamente as penas, não permitindo que as prisões sejam uma central de comando de novos crimes, tais como sequestros, assassinatos, roubos, etc., como vemos constantemente devido ao conluio entre bandidos e funcionários desonestos encarregados de vigia-los.
O tratamento dos presos com
rigor, certamente inibe a prática do delito. Já a tortura, o assassinato a violência de um modo geral estimulam
o marginal a agir violentamente por saber que a ele será dado o mesmo, ou pior
tratamento.
Impõe-se o fim de certas regalias
como permissões de saída temporária, visitas íntimas e também a revisão da chamada progressão da pena nos moldes existentes. Exige-se do Estado que
os funcionários responsáveis pela guarda dos detentos comportem-se como tal.
Não se tornem coniventes com eles permitindo que armas, celulares e drogas
entrem com tanta facilidade nas prisões. E, os que assim agirem sejam punidos severamente.
O condenado precisa saber que
as privações porque passa são decorrentes do seu comportamento inadequado para
viver em sociedade. E o cidadão que acha que bandido bom é bandido morto, pensa
como ele,e provavelmente como ele, agiria se oportunidades surgissem.
comentario muito bem desenvolvido. parabens
ResponderExcluirVirgílio,
ResponderExcluirsó tenho uma reacao: aplausos...
Magnífica tua colocacao!
Silvia
Comentário bem desenvolvido. Saibam de Dr. Adauto é um grande escritor, poeta e advogado. Concordo " ipsi litere",
ResponderExcluirAdendo ao comentário anterior. Dr. Adauto Vieira grande jurista catarinense, membro da Associação Catarinense de Letras e Poesias.
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