quinta-feira, 14 de maio de 2015

A RETROCRACIA¹ EM POLVOROSA (I)



      A retrocracia brasileira trazida nos baús de D. João VI quando às pressas resolveu se exilar no Brasil fugindo das tropas de Napoleão que mordiam seus calcanhares, encastelou-se no poder e por todos os métodos possíveis e imagináveis se manteve até Lula assumir a presidência da república.
     Um grande número de retrocratas² apoiou, fez campanha e até nele votou com a certeza de que o operário semianalfabeto, retirante nordestino  não demoraria multo tempo no cargo, não só por sua falta de preparo (assim pensavam), como também por substituir um iluminado, um intelectual, poliglota e autor de livros: FHC.
     Até mesmo quando a Polícia Federal e o Ministério Público passaram  finalmente a exercer suas verdadeiras funções de órgãos a serviço do Estado e não aos interesses dos governantes de plantão, livre das amarras  investiu profundamente nos focos de corrupção, eles não se importaram muito e nem captaram o alerta do ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos quando declarou: “a corrupção não aumentou; ela passou a ser investigada”. E sua excelência sabia muito bem o que falava pois muitos deles constavam do seu cadastro de clientes, antes de licenciar-se para ocupar o ministério.
     O comportamento do governo no processo do mensalão não influenciando no andamento do julgamento fez com que os retrocratas ajustassem suas antenas, pois jamais viram um governo deixar ao mar aliados, sem tentar de alguma forma  salvar-lhes a pele. O instinto de defesa captara o sinal. 
     Ainda sonolentos farejaram o odor do queimado e, em raciocínio lógico concluíram que se ele não protegia os aliados, um dia viriam para cima deles. Começaram a maquinar e rapidamente azeitaram as engrenagens que em nome da moralidade iriam defender seus interesses imorais.
     Com inteligência (os imorais são extremamente inteligentes), com bastante recursos (não lhes faltam pois sempre rapinaram), com o poder de influenciar a opinião pública (afinal de contas a retrocracia comanda os meios de comunicação) e a falta de caráter, uma característica ímpar dos retrocratas, ligaram a máquina de moer reputações e partiram para cima de Lula com toda sua artilharia muito bem adestrada na especialidade de denegrir, com um único e patológico objetivo: desmoralizar o governo a qualquer preço.
     Bastava a oportunidade surgir. E surgiu com o flagrante armado do pagamento de propina a um funcionário dos Correios cujo desdobramento resultou na denúncia de compra de votos de deputados para que propostas suas fossem aprovadas. Um escândalo, um absurdo.
     Com a cretinice de sempre, as denúncias mesmo antes de apuradas ganharam cunho de verdade inconteste e o governo considerado um covil de ladrões. Por conveniência esqueceram que FHC eleito para um mandato de quatro anos conseguira através da compra de votos no Congresso a alteração da Constituição para que fosse permitido seu direito de tentar a reeleição.
     A entrevista do deputado Roberto Jefferson à revista Veja confirmando a denúncia de um fundo para comprar votos de deputados que ajudariam a aprovar propostas governamentais, em que ele confessou ter recebido mais de quatro milhões de reais, que jamais devolveu e a Justiça não se preocupou em determinar que fosse recolhido aos cofres públicos, sem dúvida abalou o prestígio de Lula, não o suficiente para impedir sua reeleição.
     A política de inserção social de seu governo vencera os interesses pessoais e desonestos da retrocracia.
     A ira dos retrocratas aumentou.

(¹)   Grupo de pessoas que se julga descendente da aristocracia, com bastante influência na política, no setor financeiro e de comunicação. - Não poupam recursos e, todos os métodos são válidos para que seus privilégios sejam mantidos intocáveis. - Combatem sem tréguas a criação de políticas sociais que beneficiam os menos  favorecidas. (combatem o Bolsa Família, definindo-a como Bolsa Miséria), mas não abrem mão dos empréstimos subsidiados do BNDES.  - São mestres em privatizar o lucro e socializar os prejuízos. -Suas principais armas são: calúnia, difamação, intriga, mentira, etc.
(²) Membros da retrocracia. Nem todos os que defendem as ideias e os métodos utilizados pela retrocracia são retrocratas. Muitos deles se deixam influenciar pelos órgãos de comunicação, principalmente pela televisão e por revistas semanais de propriedade dos mesmos grupos. A maioria foi beneficiada pelas políticas de inserção social.

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