Dentre as
inúmeras tradições da Bahia uma delas é suas “baianas” em suas saias rodadas
e bem armadas, suas blusas rendadas, seus panos da costa e turbantes. Todas
impecavelmente brancas e engomadas realçam um porte de rainha iluminado por um
vasto sorriso, dentadura perfeita, e imaculadamente branca.
Com um
tabuleiro na cabeça ou em pontos fixos, sobre um cavalete, tendo ao lado uma
frigideira com azeite de dendê fervente fritando seus maravilhosos acarajés,
essas “baianas” normalmente ligadas ao candomblé são uma tradição e atração
pelas ruas da velha Salvador.
Pela
convivência, embora sempre notadas, aos olhos dos mortais, passariam despercebidas
se um gênio não as tivesse retratado em versos simples e perfeitos como fez
Dorival Caymmi. E mais, chamou-nos a atenção para o seu tabuleiro,
despertou-nos o pecado da gula e também o sonho de ter uma delas, mesmo furtivamente,
por uns momentos com alguém que pudesse aliviar os infortúnios do coração.
Retratando
os quitutes deliciosos do tabuleiro daquela “baiana” ele nos mostrava o prazer
que aquela mulher oferecia a cada um de nós e ao mesmo tempo pelo porte nos
impunha uma distância respeitosa.
No
tabuleiro da baiana tem: acarajé, vatapá, mungunzá, um tradicional bolinho de
goma untado com açúcar e canela, de formato cilíndrico e comprido, bem melado e
muito gostoso, também bastante conhecido por “punheta”. Engana o estômago por falta da comida ao
tempo que sacia as ilusões por faltar condições de ter a desejada “comida”.
Mesmo
sem o “charme” de antigamente e enfrentando a concorrência da
modernidade, o “tabuleiro da baiana” continua a exercer fascínio, o que não
ocorre com o “tabuleiro Brasil” que substituiu os deliciosos quitutes do tabuleiro
da baiana pela comida estragada da corrupção, desvio de verbas, suborno,
violência, falcatruas, falta de educação, juros altos, impunidade, falta de
respeito e também punheta. Não a deliciosa “punheta” do tabuleiro da baiana e
sim aquela que nos irrita, machuca, transmitindo-nos a sensação dolorosa de
abandono, de que os criminosos somos nós.
Gostei muito, mas fiquei perplexo ao saber que você tinhavonta de papar uma baianinha do acarajé! kkkkkkkkk
ResponderExcluirNão venha me dizer que você jamais sonhou com uma "papada" dessa.
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk