segunda-feira, 27 de julho de 2015

NO TABULEIRO DA BAIANA TEM...




     Dentre as inúmeras tradições da Bahia uma delas é  suas “baianas” em suas saias rodadas e bem armadas, suas blusas rendadas, seus panos da costa e turbantes. Todas impecavelmente brancas e engomadas realçam um porte de rainha iluminado por um vasto sorriso, dentadura perfeita, e imaculadamente branca.
     Com um tabuleiro na cabeça ou em pontos fixos, sobre um cavalete, tendo ao lado uma frigideira com azeite de dendê fervente fritando seus maravilhosos acarajés, essas “baianas” normalmente ligadas ao candomblé são uma tradição e atração pelas ruas da velha Salvador.
     Pela convivência, embora sempre notadas, aos olhos dos mortais, passariam despercebidas se um gênio não as tivesse retratado em versos simples e perfeitos como fez Dorival Caymmi. E mais, chamou-nos a atenção para o seu tabuleiro, despertou-nos o pecado da gula e também o sonho de ter uma delas, mesmo furtivamente, por uns momentos com alguém que pudesse aliviar os infortúnios do coração.
     Retratando os quitutes deliciosos do tabuleiro daquela “baiana” ele nos mostrava o prazer que aquela mulher oferecia a cada um de nós e ao mesmo tempo pelo porte nos impunha uma distância respeitosa.
     No tabuleiro da baiana tem: acarajé, vatapá, mungunzá, um tradicional bolinho de goma untado com açúcar e canela, de formato cilíndrico e comprido, bem melado e muito gostoso, também bastante conhecido por “punheta”.   Engana o estômago por falta da comida ao tempo que sacia as ilusões por faltar condições de ter a desejada “comida”.
     Mesmo sem o “charme” de antigamente e  enfrentando a concorrência da modernidade, o “tabuleiro da baiana” continua a exercer fascínio, o que não ocorre com o “tabuleiro Brasil” que substituiu os deliciosos quitutes do tabuleiro da baiana pela comida estragada da corrupção, desvio de verbas, suborno, violência, falcatruas, falta de educação, juros altos, impunidade, falta de respeito e também punheta. Não a deliciosa “punheta” do tabuleiro da baiana e sim aquela que nos irrita, machuca, transmitindo-nos a sensação dolorosa de abandono, de que os criminosos somos nós.



2 comentários:

  1. Gostei muito, mas fiquei perplexo ao saber que você tinhavonta de papar uma baianinha do acarajé! kkkkkkkkk

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  2. Não venha me dizer que você jamais sonhou com uma "papada" dessa.
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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