sábado, 4 de julho de 2015

DOIS DE JULHO



    

     Sete de Setembro de 1822 e Dois de Julho de 1823 estão separados exclusivamente pelos dez meses entre os dois eventos mais importantes da época colonial. Se em um, o grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga mostrava a Portugal que o Brasil não mais se sujeitava à condição colonial, no outro, selava-se definitivamente qualquer possibilidade de um retorno à situação anterior.
     Lógico que situações como essas não nascem da noite para o dia. Uma serie de fatores  vão alimentando o caldeirão das insatisfações que fatalmente terminam no rompimento dos laços de submissão de um para com o outro. E isso foi acontecendo ao longo de inúmeros episódios durante anos nas mais variadas formas de revolta se o grito foi o basta;  a derrota dos portugueses e consequentemente sua expulsão definitiva  das terras baianas no dia 2 de Julho de 1823 representaram  a pá de cal em qualquer possibilidade de reversão.
     Lamentavelmente o brasileiro não valoriza sua história, e nem procura nos erros do passado as lições para não repeti-los no presente. E mais, sob o manto da conveniência que interessa a alguns – e sempre os mesmos, usando e abusando  da hipocrisia da conciliação para não responsabilizar aqueles que  no poder usaram e abusaram da sua autoridade para satisfazer suas perversões mentais torna-nos reféns das nossas omissões.
     O exemplo mais recente foi o utilizado pelo golpe de 1964, que matou torturou, roubou, ocultou cadáveres e quando da anistia política incluíram entre os beneficiados todos aqueles praticaram as mais absurdas ignomínias alegando que a anistia sendo ampla geral e irrestrita, seus esbirros também tinham o direito ao perdão O que presenciamos hoje são os saudosos do arbítrio em praça publica pedirem a volta dos militares.
     Diferentemente da Alemanha que reconhece claramente sua fase negra do nazismo e não esconde os locais onde barbaridades foram praticadas por entenderem que somente assim evitará a repetição de um passado constrangedor, nós continuamos jogando para debaixo do tapete os erros e ensejando que eles  se repitam.
      Vivemos um momento delicado e se não tomarmos as precauções indispensáveis  corremos o risco de voltar à exceção. Passamos da época “das leis que não pegam” para o descalabro da violação da Constituição e, o mais chocante, praticado pelo Poder Legislativo abertamente, na calada da noite, como convém aos contumazes praticantes de  manobras escusas.
     Diariamente somos minuciosamente informados pelos órgãos de divulgação das medidas para punir os corruptos envolvidos pela Operação Lava  Jato, à sorrelfa  são criados ou mantidos, mecanismos geradores  de corrupção. O orçamento impositivo é um deles e a manutenção  das doações de empresas para as campanhas eleitorais outra.
     O descaso do judiciário para levar ao banco dos réus os envolvidos no mensalão mineiro, aos poucos vão se livrando das condenações e a soltura do maior ficha suja do país, o ex-presidente   da Assembleia de Mato Grosso pelo STF prejudicam a imagem do judiciário. A denúncia de dois policiais federais de que instalaram grampo por ordem do delegado que apura o Lava Jato conforme declararam na CPI da Petrobras  na cela do doleiro e os constantes vazamentos de depoimentos sigilosos colocam em risco  o trabalho realizado. Sem falar que nomes e nomes são lançados no limbo diariamente, prejudicando imagens e causando constrangimentos àqueles tenham comprovada sua inocência.
     Encerrando revelo algo que está me deixando muito intrigado. O silencio dos órgãos de divulgação sobre a Operação Zelote. Aquela que revelou o sistema bilionário de corrupção no CARF.
     Será que é por não terem encontrado nenhum petista no órgão  ou pelo fato dos envolvidos serem todos nobres? Alguns deles: Bradesco, Santander Safra, Pactual, Bank Boston Ford, Mitsubishi, BR Foods. Petrobras, Camargo Corrêa, Light, Grupo Gerdau, Rede Brasil Sul de Comunicações, etc.
       




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