Sete de
Setembro de 1822 e Dois de Julho de 1823 estão separados exclusivamente pelos
dez meses entre os dois eventos mais importantes da época colonial. Se em um, o
grito de D. Pedro I às margens do Ipiranga mostrava a Portugal que o Brasil não
mais se sujeitava à condição colonial, no outro, selava-se definitivamente qualquer
possibilidade de um retorno à situação anterior.
Lógico
que situações como essas não nascem da noite para o dia. Uma serie de fatores vão alimentando o caldeirão das insatisfações que fatalmente terminam no
rompimento dos laços de submissão de um para com o outro. E isso foi
acontecendo ao longo de inúmeros episódios durante anos nas mais variadas
formas de revolta se o grito foi o basta; a derrota dos portugueses e consequentemente sua expulsão definitiva das terras baianas no dia 2 de Julho de 1823 representaram a pá de cal em qualquer possibilidade de
reversão.
Lamentavelmente o brasileiro não valoriza sua história, e nem procura
nos erros do passado as lições para não repeti-los no presente. E mais, sob o
manto da conveniência que interessa a alguns – e sempre os mesmos, usando e abusando
da hipocrisia da conciliação para não
responsabilizar aqueles que no poder
usaram e abusaram da sua autoridade para satisfazer suas perversões mentais torna-nos reféns das nossas omissões.
O exemplo
mais recente foi o utilizado pelo golpe de 1964, que matou torturou, roubou,
ocultou cadáveres e quando da anistia política incluíram entre os beneficiados
todos aqueles praticaram as mais absurdas ignomínias alegando que a anistia sendo
ampla geral e irrestrita, seus esbirros também tinham o direito ao perdão O que presenciamos hoje são os saudosos
do arbítrio em praça publica pedirem a volta dos militares.
Diferentemente
da Alemanha que reconhece claramente sua fase negra do nazismo e não esconde os
locais onde barbaridades foram praticadas por entenderem que somente assim
evitará a repetição de um passado constrangedor, nós continuamos jogando para
debaixo do tapete os erros e ensejando que eles se repitam.
Vivemos um momento delicado e se não tomarmos as precauções indispensáveis corremos o risco de voltar à exceção. Passamos
da época “das leis que não pegam” para o descalabro da violação da Constituição
e, o mais chocante, praticado pelo Poder Legislativo abertamente, na calada da noite, como convém aos contumazes praticantes de manobras
escusas.
Diariamente somos minuciosamente informados pelos órgãos de divulgação das medidas para punir os
corruptos envolvidos pela Operação Lava
Jato, à sorrelfa são criados ou mantidos, mecanismos geradores
de corrupção. O orçamento impositivo é um deles e a manutenção das doações de empresas para as campanhas
eleitorais outra.
O descaso
do judiciário para levar ao banco dos réus os envolvidos no mensalão mineiro, aos poucos vão se livrando das condenações e a soltura do
maior ficha suja do país, o ex-presidente da
Assembleia de Mato Grosso pelo STF prejudicam a imagem do judiciário. A denúncia
de dois policiais federais de que instalaram grampo por ordem do delegado que apura
o Lava Jato conforme declararam na CPI da Petrobras na cela do doleiro e os constantes vazamentos
de depoimentos sigilosos colocam em risco
o trabalho realizado. Sem falar que nomes e nomes são lançados no limbo
diariamente, prejudicando imagens e causando constrangimentos àqueles tenham
comprovada sua inocência.
Encerrando revelo algo que está me deixando muito
intrigado. O silencio dos órgãos de divulgação sobre a Operação Zelote. Aquela
que revelou o sistema bilionário de corrupção no CARF.
Será que é por não terem encontrado nenhum petista
no órgão ou pelo fato dos envolvidos
serem todos nobres? Alguns deles: Bradesco, Santander Safra, Pactual, Bank Boston
Ford, Mitsubishi, BR Foods. Petrobras, Camargo Corrêa, Light, Grupo Gerdau,
Rede Brasil Sul de Comunicações, etc.
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