Agosto é um mês como outro qualquer.
Sujeito a chuva, trovoada, ventos fortes, calmaria e marés que seguem
naturalmente seu fluxo e refluxo. No Brasil, especialmente na esfera política
criou-se o mito de que é um mês turbulento, talvez devido a dois episódios
marcantes: o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros.
Esses dois episódios que pareciam desconexos entre si, o tempo mostrou
que as conexões foram bem mais fortes que a vão filosofia poderia imaginar.
O suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954 abortou o golpe tramado
pelas forças que sonham com o poder não pelo voto popular (pois quase sempre
são insuficientes) e sim pela interrupção da normalidade democrática; democracia
causa urticária nos hipócritas travestidos de moralistas.
Também abortado em novembro de 1955, onde os mesmos (incendiados por
Carlos Lacerda) tentavam impedir a posse de JK, encontraram em agosto de 1961
quando da renúncia de Jânio Quadros, um alcoólatra, desequilibrado mental,
demagogo e corrupto, motivos para impedir a posse do vice-presidente João
Goulart. Em arranjo tipicamente brasileiro para atender seus interesses escusos
e em surdina continuarem tramando seu assalto ao poder inventaram um
parlamentarismo de araque que foi posteriormente rechaçado em plesbiscito.
Jango incomodou e muito os interesses dos gananciosos e mais uma vez sob
o argumento da corrupção e de que os comunistas estavam assumindo o poder,
derrubaram o presidente com o golpe de 1º de abril de 1964. Os renegados de
sempre mergulharam o país em 21 anos de escuridão, onde somente havia brilho
nos olhos dos torturadores nos porões da ditadura que na fraqueza de qualidades
morais arrancavam com maus tratos confissões dos “subversivos”. Era a vitória
efêmera da distorção moral sobre a inteligência e sofrimento.
Mas uma vez a história recomeça a girar no mesmo mote e insaciáveis por
sangue, não se satisfazem com as apurações e condenações feitas pelo judiciário.
Querem o poder pelo poder, mostra a força da insanidade que possuem e pouco
importa o que possa acontecer com o povo. Porque o importante para eles é a
satisfação do ego.
Esquecem uma tradição das revoluções e golpes. Inicialmente as vítimas
são os adversários, em seguida os golpistas.
Até porque a fome dos imbecis não
sacia nunca.
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