O ministro Gilmar Mendes é um bacharel
em direito com notável saber jurídico, inteligente e certamente detentor das
qualidades mínimas para ocupar o cargo que hoje ocupa. Essas qualidades levaram
o presidente FHC a indica-lo para o cargo e o Senado aprovar sua indicação após
o ritual de praxe.
Não sendo advogado, logicamente me faltam
condições de discutir suas decisões baseadas na legislação e como cidadão, delas manifestar qualquer suspeição,
mesmo porque todos são inocentes até provas em contrário.
Entretanto, da mesma maneira que as
colocações acima me obrigam a assim agir, os mesmos argumentos dão-me o direito
de indagar sua posição em algumas decisões por ele tomadas.
Vou citar algumas e aqueles que puderem me
ajudar os motivos de suas decisões me esclareçam.
1- O médico Roger Abdelmassih após ser
condenado a 278 anos de prisão e esgotados os recursos, lhe foi concedido um habeas-corpus possibilitando sua fuga e
após 3 anos foi preso no Paraguai e recambiado para o Brasil.
2- O Sr. Daniel Dantas continua solto,
beneficiado também por um habeas-corpus
por ele concedido depois de decretada sua prisão e seu processo dormita nos
arquivos do STF aguardando uma decisão final. Enquanto isso...
3- Em determinado processo em julgamento
no Supremo o advogado do réu é um seu sócio num instituto de ensino jurídico
que são proprietários. Sempre soube que havendo algum tipo de relacionamento entre
as partes envolvidas e o juiz, deve este considerar-se impedido para não tisnar
a lisura do julgamento. Esse comportamento o senhor ministro não teve.
4- A OAB arguiu a inconstitucionalidade do
financiamento das campanhas políticas pelas pessoas jurídicas. A votação com 6
votos favoráveis à arguição da OAB, foi interrompida pelo ministro Gilmar
Mendes ao pedir vistas do processo. Até aí ele exerceu um direito. O absurdo
foi passar 1 ano e 5 meses postergando uma decisão que certamente inibirá a
corrupção eleitoral. Retomado o
julgamento após essa longa e inexplicável pausa, sua excelência num cansativo
voto com duração de cinco horas aproveitou o tempo, não para justificar e sim
para proferir uma confissão política partidária inadmissível e inaceitável por
parte de um magistrado em pleno julgamento. Conceitos sim, campanha política
não. E, sem surpreender, votou a favor
da manutenção do financiamento pelas pessoas jurídicas.
Outras atitudes, como alegar que seu gabinete estava
sendo grampeado – posteriormente desmentido pela perícia, a declaração de que o
ex presidente Lula tentara alicia-lo e desmentido pelo próprio anfitrião Nelson
Jobim são atitudes que a muitos de nós causa reservas contra sua pessoa.
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