domingo, 18 de agosto de 2013

REFLETINDO

     Talvez a única vantagem da idade seja ter histórias para contar. O prazer de ir buscar no baú da memória passagens de um tempo que não volta mais. A certeza de que tudo em sua vida foi único, mesmo que outras milhares de pessoas tenham passado pelas mesmas situações, pelas mesmas experiências.
     Quando o outono da vida começa a descerrar a cortina para que no palco o inverno se instale, percebemos que a grande diferença entre a velhice e a juventude, que embora pareçam muitas, na realidade são somente duas. A primeira é que jovens, sonhamos  pra frente, na velhice sonhamos para trás. A segunda é que no primeiro caso são apenas sonhos que se realizarão ou não e, no segundo caso são realidades que nos trazem a felicidade de terem sido sonhos.
     Eu sonhei em ser feliz e fui. Fui por me conscientizar que felicidade não se compra, não se ganha, não depende dos outros. Conquista-se com muita luta, muito sacrifício, muito desprendimento e, acima de tudo muita doação. De sentimentos, de perdas, de valorização de cada minuto que vivemos, da conscientização de que sendo um estado de espírito eu preciso alimenta-lo continuamente com bons sentimentos, melhores pensamentos e muito desprendimento.
     Felicidade não é abrir mão dos bens materiais e sim, dar-lhes o justo valor para dele não se tornar escravo. E nada pior do que a escravidão. Principalmente de sentimentos. De culpa, de vazio, de desprezo, de abandono. Daquela solidão que muitas vezes nos aflige, principalmente quando estamos rodeados de pessoas.
     Hoje, às  vésperas dos 3/4 de século, quando o horizonte se encurta numa realidade incontestável, o bom é reconhecer que por mais difícil que tenha sido a vida é ter a consciência do real valor do maior patrimônio que Deus nos deu: a VIDA.

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