SELVAGERIA EXPLÍCITA

     Finalizado o campeonato brasileiro de futebol de 2013 só teríamos muito a comemorar se no seu desfecho não tivesse ocorrido as cenas de selvageria explicitas no estádio de Joinville durante o jogo Atlético Paranaense x Vasco da Gama onde o primeiro lutava por uma vaga na Libertadores e o adversário tentava fugir do rebaixamento.

      Lamentavelmente o que vai marcar esse campeonato não será a conquista do Cruzeiro com algumas rodadas de antecedência, a luta acirrada na última rodada de Vasco, Fluminense, Coritiba, Criciúma, Portuguesa e Internacional para fugir da série B, e muito menos o esforço do Botafogo, Goiás e Vitória por uma vaga na Libertadores.

     O que vai marcar mesmo é esse episódio vergonhoso onde um bando de marginais trocavam socos e pontapés e covardemente, criminosamente, espancavam um dos brigões caídos com chutes na cabeça. 

     Uma tristeza ver a pacata  Joinville ter servido de palco para essa vergonha por ter cedido sua arena devido a perda de campo do mandante (Atlético Paraense) por punição disciplinar.Os joinvillenses que resolveram ir para uns momentos de lazer na expectativa de apenas ver um jogo  de futebol foram penalizados como testemunhas oculares do espetáculo explícito de selvageria. Não mereciam isso.

     Se 48 horas antes as imagens do sorteio das chaves da Copa do Mundo de 2014 encantaram o mundo, as de ontem, foram seu reverso e além de chocarem, um excelente motivo para motivar  aqueles que não perdem tempo para denegrir nossa imagem. O que dói é que a culpa é exclusivamente nossa.

     Já passou a hora de dar um basta nisso se realmente pretendemos ter no futebol, nosso esporte mais popular a condição de vermos ao vivo aqueles que nos encantam com suas genialidades. Que a falta de lógica  que todos dizem ocorrer no futebol restrinja-se exclusivamente às quatro linhas que limitam o campo de jogo onde um gol "feito" se  transformam em "perdido", o tradicional "frango" é o eterno fantasma dos goleiros, a furada do zagueirão faz a adrenalina do torcedor ir as alturas, o chutão do perna de pau que manda a bola para onde o nariz aponta, a bola na trave com o gol vazio, o penalty perdido pelo cobrador ou defendido pelo goleirão, onde o drible e a finta encantam a torcida e no  gol de "placa" que fica eternamente gravado na memória do torcedor. Fanático ou não.
      Já basta a influência dos árbitros que por incompetência ou má fé  têm em muito influído no resultado dos jogos, prejudicando uma das equipes (sempre as mais fracas) em benefício das mais fortes ou influentes nas federações.

      Se houvesse realmente vontade de combater essa violência a  primeira medida seria rebaixar o Vasco para a série C e o Atlético Paranaense para a série B, inclusive desclassificando-o do direito de participar da Libertadores.

     Muitos dirão que se trata de uma medida muito drástica e que o clube não tem nada a ver com o comportamento dos torcedores. Drástica não, moralizadora sim. Com relação à culpa, embora não seja absoluta eles são responsáveis sim,  porque em muitos casos doam ingressos para os grupos organizados e chegam em alguns casos a financiar o meio de transporte para jogos fora de sua sede.

No dia em que o clube for fortemente punido além da perda do mando em sua cidade (o episódio de ontem comprova) , os verdadeiros torcedores deixarão de ser prejudicados, pois serão os maiores interessados em excluir dos estádios esses marginais travestidos de torcedores e o futebol será o grande recompensado pois dará condições aos que amam realmente esse esporte, aos que vão aos estádios exclusivamente ver o jogo para ver ao vivo seu ídolo, "gozar" o adversário sem medo por ter a certeza de que retornarão as suas casas em segurança, estejam sozinhos  ou acompanhados da família.