terça-feira, 1 de abril de 2014

1º DE ABRIL. JUBILEU DE OURO DE 31 DE MARÇO.


     O militarismo, governo da espada pela espada, arruína as instituições militares. O militarismo está para o Exército como o fanatismo para a religião, como o charlatanismo para a ciência, como o industrialismo para a indústria, como o mercantilismo para o comércio, como o cesarismo para a realeza, como o demagogismo para a democracia, como o absolutismo para a ordem, como o egoísmo para o eu.” (*)
      Hoje, 1º de abril de 2014 o 31 de março completa 50 anos. Não poderia haver uma data mais apropriada para a comemoração de uma mentira que durante 21 anos enganou, matou, torturou, censurou, roubou e ocultou muitos dos cadáveres que produziu nos seus porões.
      Os militares de 1964 foram os mesmos que em 1945 derrubaram Getúlio após retornarem dos campos de batalha da Itália. Inspirados pelo regime de liberdade que voltava a reinar na Europa após a derrota do nazi-fascismo e certamente influenciados pelos americanos derrubaram Getúlio Vargas.
      Eleições diretas foi eleito o general Eurico Gaspar Dutra ex-ministro de Vargas.  Finda  a lua de mel da democracia dos quatro anos do governo de Dutra e inconformados com a derrota do seu candidato, brigadeiro Eduardo Gomes, justamente para o homem que depuseram cinco anos  antes, não entenderam que não existe democracia sem  eleições e respeito pelo resultado das urnas. Imediatamente começaram a tramar a retomada do poder e entre 1950 e 1964 diversas tentativas foram feitas.
      Primeiro tentaram impedir a posse de Getúlio Vargas em 1950, em 1954 em decorrência do atentado ao incendiário Carlos Lacerda que resultou na morte do major Vaz, estiveram bem próximo, porém frustrados pelo suicídio de Getúlio. Mas uma vez derrotados nas eleições de 1955 quando JK derrotou o general Juarez Távora, tentaram o golpe em 11 de novembro, desbaratado pelo ministro da Guerra general Lott.
      Na renúncia de Janio Quadros em 1961 os militares estimulados pelas viandeiras de quartel mais uma vez insuflados por Carlos Lacerda tentaram impedir a posse de João Goulart.
      Enfim em abril de 1964 com o apoio incondicional dos americanos. alcançaram o seu intento e durante 21 anos mergulharam o Brasil em longa noite de terror.
     Cassação de mandatos, suspensão de direitos políticos, congresso manietado, judiciário subjugado, prisões arbitrárias, torturas e assassinatos nos porões de uma ditadura que a ninguém respeitava (como toda ditadura). E tudo isso acobertado pela férrea censura que impedia que os órgãos de divulgação noticiassem qualquer episódio que desagradasse os detentores do poder.
     Roubaram sim. O direito de ir e vir, de expressão e até o direito de reconhecimento de nacionalidade dos filhos de exilados.
     Furtaram dos brasileiros o direito à educação quando praticamente acabaram com o ensino público.
     E cometeram o maior dos roubos: a vida. De milhares de pessoas que não concordavam com o regime, muitas delas de maneira cruel. Pior: em alguns casos fizeram desaparecer os corpos das vítimas impedindo que seus familiares velassem seus mortos.
     E aos que acham que não havia corrupção, ou são cegos, ou gostam de se enganar ou foram usufrutuários do regime. Muitas fortunas nasceram, cresceram e prosperaram na ditadura, principalmente entre os políticos que lhes rendiam loas e diziam amém. Não vou citar nomes em respeito aos que já morreram e também não cometer a injustiça de esquecer alguns que ainda estão vivos
     Escândalos que saudosistas teimam em negar houve muitos: Coroa-Brastel, Capemi, Projeto Jari, Luftalla, Banco Econômico, Transamazônica, Paulipetro e outros menos votados.
     E a loucura da Transamazônica onde foram enterrados milhões de dólares? Dólares sim, porque era no exterior que o governo ia buscar os recursos para suas obras megalomaníacas que em 1985, ao final do arbítrio legou para os brasileiros uma dívida externa de 100 bilhões de dólares.
     Ainda no capítulo escândalos, alguém sabe quanto custou a Ponte  Rio-Niterói?
     No capítulo inflação, também fracassaram. Em 1963 a “redentora’ que viria salvar o país, moralizar os costumes e consertar a economia era de 78% ao ano. Em 1983, vinte anos depois, fechou o ano em 283% sob o comando da verdadeira ministra da Fazenda Ana Maria Jul, uma das chefonas do FMI.
     Enfim, em 15 de março de 1985, envergonhado, o golpe de 1º de abril saiu de cena pela porta dos fundos do Palácio do Planalto quando o último general de plantão recusou-se a transmitir o cargo ao Vice-Presidente José Sarney, que assumia em lugar do presidente eleito Tancredo Neves que por motivo de doença não podia assumir.
     Nem nessa atitude ela inovou. João Batista Figueiredo, aquele que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de povo repetiu o mesmo comportamento mal educado e grosseiro do seu colega Floriano Peixoto que também não transmitiu o cargo a Prudente de Moraes.
(*) A frase que inicia este artigo não é de nenhum comunista, terrorista, petista, subversivo ou terrorista. Ela tem mais de cem anos e foi dita por Rui Barbosa sobre caos que o regime militar mergulhou o Brasil nos primeiros anos da derrubada da monarquia. Esse caos somente começou a ser dissipado após a posse do sucessor de Floriano Peixoto, o paulista Prudente de Moraes, um civil.

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