F L O R I P A

      Chove tanto em Floripa que o sol quase desistiu de cumprir sua obrigação. Acanhado, diria melhor, envergonhado, preguiçosamente apareceu para render a boêmia lua que recolheu-se para descansar do seu tradicional passeio noturno.
      Mas nem a chuva, nem o friozinho suportável e gostoso conseguem ofuscar a beleza de uma cidade linda por natureza, bem tratada, arquitetura moderna, avenidas largas e arborizadas a nos convidar para dar uma boa caminhada e melhor viver seus encantos.
     E eu aqui ilhado no apartamento do meu sobrinho e afilhado Vinícius ouvindo o barulho dos grossos pingos mostrando presença nos vidros da janela, nos telhados e no asfalto.
    Enquanto ela não resolve parar - sinceramente não vejo a mínima disposição, resta-me o consolo de apreciar da janela do quarto o mar, que certamente na minha próxima visita nem isso terei direito, pois um prédio de onze andares, bem à frente começa a nascer.
    O que fazer? Cantar baixinho para não agredir meus ouvidos a música de Jorge Benjor "Chove chuva/Chove sem parar/Chove chuva/Chove sem parar/Pois eu vou fazer uma prece/Pra Deus, nosso Senhor/Pra chuva parar/De molhar Floripa meu amor..."