segunda-feira, 7 de novembro de 2016

DOR DE COTOVELO



    Para mim a canção Mulheres de Martinho da Vila é uma das mais belas canções do seu excelente repertório. O autor com muita espontaneidade provavelmente relata  sua vida amorosa. Caso não seja, louve-se sua inspiração.
    Aliás a música brasileira é rica no tema e belíssimas canções foram escritas abordando-os o indo do endeusamento ao relato de brigas entre os casais, do ciúme, dos elogios a dor de cotovelo.
    Entre os grandes compositores que nos legaram canções que imortalizaram a dor de cotovelo, o melhor deles foi Lupicinio Rodrigues, um mestre no assunto que em programa da Record confessou que assim era chamado por se dedicar ao tema, principalmente em determinado período ao tema único (quase) das suas composições. Dizia ele que existem dois tipos de dor de cotovelo: a estadual e a federal. A estadual se referia às dores de cotovelo passageiras, ou seja, a saudade consequente de um encontro único nas noites de boemia. Já a federal era aquela que machucava muito ao final de um relacionamento. Entre essas ele citava “Vingança”.
    O mestre Lupicínio também nos legou “Nervos de Aço” onde ele narrou o sofrimento do fim de um noivado.
    Muitos até hoje tratam o tema com muita maestria e sensibilidade cuja expressão maior é Roberto Carlos.
    Não podemos nos esquecer que os mestres no assunto são os argentinos cujas canções continuam até hoje e são  clássicos memoráveis.
    Qual o homem ou mulher que não teve a sua dor de cotovelo, seja ela federal ou estadual? Há sempre em cada um de nós no cantinho mais escondidinho do nosso coração, uma gavetinha cuja chave foi jogada aquela dor de cotovelo de um amor perdido.
    Quem declara que jamais sofreu desse mal ou está mentindo ou nunca amou.  


   
   

5 comentários:

  1. Já tive tanto estadual quanto federal...rs... quem nunca né?
    As músicas atuais também tratam destes temas, mas não com tanta passionalidade e nem com a riqueza de vocabulário traduzindo muito bem o sentimento. As sertanejas "universitárias" falam da dor de "corno", colocando a "dor" num nível mais vulgar, rotineiro, comum. Tirou de nós a dor ímpar, a sensação de que "meu mundo caiu", fazendo com que deixemos a dor num nível superficial.
    Muito bom, Virgílio!!
    Beijos.

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  2. Adorei seu comentário.Obrigado.
    Beião

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