domingo, 1 de janeiro de 2017

RETALHOS




    Quem de nós não teve o prazer de ver a vovó aproveitando uma grande quantidade de retalhos dos mais variados tamanhos e cores pacientemente fazendo uma colcha de retalhos? Encantávamo-nos com sua serenidade, a capacidade de escolher o retalho correto e a alegria de ver o seu trabalho pronto. Pela expressão ela sentia a mesma satisfação que um grande artista ao contemplar a sua obra.
    Assim somos nós ao longo da jornada que se inicia com o nosso nascimento até quando somos chamados pelo Pai. E ela não é fácil pois não é feita de pedaços de pano e sim de sentimentos, de atitudes, de vários momentos realmente difíceis ou de grandes satisfações.
    Somos ao final da jornada o retrato da nossa existência tecida diariamente. Somos feitos de alegrias imensas e tristezas dolorosíssimas.    
    Somos retalhos de amores intensos e dor da perda de entes queridos, mesmo que permaneçam vivos.
    Somos sorrisos e lágrimas, alvorecer e entardecer, doce e azedo.
    Somos luz e trevas, risos e lágrimas, abraços e desprezos.
    Somos amor e ódio, risos e lágrimas, do prazer em servir e também negação de ajuda.
    E na costura da colcha de retalhos de uma existência onde os pedaços de pano são substituídos pelas atitudes nós vamos construindo a verdadeira bagagem que levamos na mala e funciona como o nosso verdadeiro passaporte na viagem mais importante de todas.
    Muitos de nós ainda não entendeu ou finge não ter entendido que o compromisso com uma vida que nos é concedida periódica e temporária em nosso benefício, é uma oportunidade de aproveitamento desse bem maior que se chama vida. Não uma vida de contínuos prazeres, de abusos de egoísmo, vaidade e orgulho. A verdadeira vida é compreensão, responsabilidade, dedicação e muito amor ao próximo.
    Um novo ano se inicia, inúmeras promessas são feitas e poucas cumpridas. 
    Desejamos uma vida em arco íris embora não tenhamos aprendido - ainda a conhecer as cores.
    Feliz 2017.



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