Nós brasileiros sempre
nos achamos o máximo. Sempre nos consideramos alguém com a capacidade de
resolver tudo, conseguir a solução para as dificuldades e jamais esquentar a
cabeça porque na hora que as coisas apertam encontramos sempre uma
solução de última hora para sair do sufoco. Confiamos tanto na nossa capacidade
criativa que a fama de país do jeitinho passou a ser vista como um grande
elogio. E quando a coisa ficava feia entregávamos o problema a Deus que é
brasileiro até o dia em que os cardeais elegeram um argentino Papa. Um duro golpe no nosso orgulho.
Realmente somos
bastantes criativos nas justificativas da furada da fila, do falso cochilo para
não ceder o lugar no ônibus a idosos, gestantes e portadores de necessidades
especiais, de seguir determinada profissão exclusivamente com a vontade de
enriquecer e, não no bem servir, conseguir a riqueza. Somos o rei do jeitinho em
cair na área simulado um pênalti em vez de tentar o gol e de tantas outras
inúmeras ilicitudes. Na ilusão da crença não atinamos que o riso alheio para tamanha baboseira não é de crença e sim de ridicularização de tamanha idiotice.
Essa deficiência
genética viralizou e contaminou todas as classes sociais e como não poderia
deixar de acontecer concentrou-se na política e o que vemos hoje é sua
comprovação pois todos os nossos partidos políticos estão infectados pelo vírus
da corrupção. E o que estamos vendo diariamente é uma demonstração explícita
dos nossos representantes (sim, fomos nós que colocamos eles lá) em sempre
inovar na capacidade de conseguir um jeitinho de fraudar, de roubar, de
assaltar.
Com jeitinho, tempo e
persistência atingimos um nível tão sofisticado que passamos a exportar no
setor de serviços a corrupção. Se a receita dessa sujeirada toda pudesse ser
registrada não teríamos recessão e o nosso PIB seria positivo.
Que bom seria que utilizássemos
a nossa capacidade criativa em benefício do povo. Que maravilhoso seria que os
nossos hospitais públicos funcionassem como deve funcionar todo hospital que se
respeita, oferecendo aos pacientes um tratamento digno. Que as nossas escolas
públicas em todos os níveis fossem realmente escolas de verdade e não pardieiros
apelidados de estabelecimento de ensino e se a merenda escolar realmente existisse;
a evasão certamente seria infinitamente menor. Que a segurança não fosse um
filme de ficção e pudesse nos dar o direito de ir vir garantido pela
Constituição com tranquilidade. Isso seria o mínimo e se esse mínimo existisse
o Brasil seria um país que seus filhos conseguiram dar jeito.
Mas – e o mas sempre
atrapalha, preferimos de jeitinho em jeitinho ir afundando o Brasil bem
direitinho.
PARABÉNS meu amigo. Infelizmente não temos a quem defender. Todos, sem exceção,no mesmo balaio de ratos. Quem sabe, agora, se roendo entre si, eles se matem.
ResponderExcluirTriste constatação. Anos de ditadura e de democracia jogados no lixo.
Grato. O elogio de uma das melhores blogueiras do país é um alento e uma inspiração.
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