domingo, 21 de maio de 2017

AINDA O TAL JEITINHO



As gravações do empresário Joesley Batista de seu encontro com o presidente Michel Temer no Palácio Jaburu e o discurso hoje do grampeado se defendendo das acusações do bandido/delator  colocaram as instituições em uma encruzilhada e a bala perdida atingiu a Lava Jato, concordem ou não. Se inverídicas pois, ao que parece o material não foi periciado, mais que uma imprudência foi um erro inadmissível principalmente partindo da PGR e posteriormente do ministro relator da Lava Jato ministro Edson Fachin. Se tudo o que está lá gravado não foi montagem, mesmo sem estar claro o episódio de ajuda a Eduardo Cunha recebe a concordância do presidente, este cometeu outros delitos no encontro com o bandido/delator, inaceitáveis em um presidente da República.
    É inadmissível e totalmente inaceitável que a maior autoridade do país receba alguém investigado pela Polícia Federal em mais de uma denúncia, suspeito de distribuir propinas a diversas autoridades e também de operações fraudulentas junto ao BNDES ser recebido na boca da madrugada no palácio residencial sem que seu acesso  a residência presidencial  entrada tenha sido registrado na portaria. Um  absurdo. E por último, ao ouvir do bandoleiro dedo duro que tinha sob seu controle juízes, o presidente permaneceu em silêncio quando tinha a obrigação de dar-lhe voz de prisão. Nem deu nem o denunciou às autoridades. Mais um crime.
    Por mais que tente se justificar (normal), que em seus pronunciamentos demonstre indignação, por mais que tente desqualificar o criminoso, ao agir assim, na minha opinião se complica mais. Será possível que somente agora depois da vaca à beira do brejo que ele tomou conhecimento de quem era Joesley? Fere a minha medíocre inteligência.
    A verdade é uma só. Chegamos a um grau de irresponsabilidade tamanha que após vir contaminando toda a classe política, de vereador a senador. De executivos de grandes empresas aos maiores empreiteiros do Brasil, de revelações das quantias roubadas sempre girando em torno de milhões de dólares, onde um simples gerente da Petrobras já devolveu 90 milhões de dólares e continua sendo obrigado a devolver mais. Onde um dos delatores da Odebrecht cinicamente e sem um mínimo de pudor, sorrindo, informava aos procuradores quanto distribuía de propina furto do roubo praticado (dinheiro nosso) e hoje premiado com uma tornozeleira eletrônica quando deveria estar mofando na cadeia, declarar que não quer mais saber de emprego e que esperava se livrar da joia que lhe colocaram na canela, para gozar a vida.
    De tomar conhecimento que ex-presidentes são acusados de corrupção, atingimos o suprassumo dos absurdos: o presidente da República ser acusado de corrupto com gravação de áudio e filmagem da entrega da propina a um preposto seu. No popular: com as calças na mão.
    Onde tudo isso vai acabar não sabemos; que precisa acabar, sem a menor dúvida. Não com prêmios de tornozeleiras eletrônicas que apenas lhe impedem de circular livremente pelas ruas, impedindo que eles possam sair batendo carteira do cidadão, praticando a saidinha bancária ou assaltando ônibus. Mesmo porque, em suas luxuosas mansões não lhes faltam conforto, lazer, boas bebidas, tudo fruto dos  crime.
    Precisam devolver tudo que roubaram, com multa, juros e correção monetária e passem a ser hóspedes das nossas prisões, uma espécie de umbral do Inferno de Dante.
    Chega de jeitinho.

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