sábado, 10 de fevereiro de 2018

A LAMENTÁVEL CARA DO BRASIL



Todas as coisas me são lícitas; mas nem todas me convêm.” Paulo de Tarso.

Que o Brasil passa por momentos difíceis isso não temos a menor dúvida. Que os escândalos pipocam diariamente no noticiário é uma realidade tão cristalina que, continuando assim deixará de ser manchete para ocupar espaço em pé de página nas publicações impressas ou escondidas no noticiário de entretenimento, que será uma lástima. Roubam políticos, empresários, funcionários nas diversas esferas do poder público, propina passou a ser gorjeta e a falta de vergonha de quem oferece, solicita ou aceita deixou de corar um frade de pedra como se dizia antigamente.
Estamos chegando a um ponto, se é que ainda não chegamos, a poder dividir a bandagem em castas e diferenciar ladrão de corrupto, que são a mesma coisa. Ladrão hoje é o batedor de carteira, o que rouba celular, comete pequenos delitos, muitos deles encerrando o seu ato, matando a vítima simplesmente por matar. Corruptos são aqueles que roubam milhões e milhões da educação da saúde, da segurança, das obras de infraestrutura importantíssimas para o cidadão, inclusive e principalmente para a preservação da vida. Matam em doses diárias e homeopáticas milhares de brasileiras, sem disparar um tiro, porém com a mesma crueldade do bandido pé de chinelo. E, certamente, matam muito mais do que eles, por mais longa que seja sua vida no mundo do crime. Os últimos são bandidos sem curso fundamental; os outros com diploma universitário. Aqueles na quase certeza da impunidade, estes na certeza da impunidade.
Parece, repito, parece, que o brasileiro resolveu tomar coragem e mostrar a sua cara, a sua face mais cruel. Não vamos escolher a ou b. Somos todos nós os responsáveis por chegarmos a tal situação. Uns por virem ao longo dos séculos jogando a sujeira para baixo do tapete, protegendo e acobertando as falcatruas dos colegas, os outros, o povo, fazendo vistas grossas, vendendo seus votos e doidos por uma boquinha.
Mas ao que parece, nem tudo está perdido... ainda. É que desta vez está vindo à superfície toda a lama que existe no nosso poder judiciário, que obrigará suas excelências a mudar sua maneira de agir e com isso criar condições de melhor julgar.
Nós, infelizmente perdemos a confiança no nosso judiciário a ponto de não crer na máxima de que a justiça é cega. Só se for para pobres, negros e putas. Para o andar de cima enxerga muito bem, especialmente quando se trata dos ricos, poderosos, influentes e afilhados (existe um conhecido magistrado que concede habeas corpus com a mesma desinibição quando entramos num boteco para um cafezinho).
Porém como a jarra de tanto ir a fonte um dia quebra, tudo indica que essa jarra começou a trincar, com a revelação de penduricalhos dos mais diversos e absurdos, como auxílio educação, auxilio paletó, auxílio moradia a todos, inclusive para os que possuem imóveis onde trabalham e pior, vergonhoso, àqueles que são casados e coabitam o mesmo imóvel, recebendo em dobro.
Um servidor público, como a própria definição diz, é contratado pelo órgão público, por concurso para atender e bem ao público, não importa o que ele possa ser e muito menos sua preferência política. Por ser concursado não deve favor algum pelo cargo que ocupa e sim, exclusivamente aos seus méritos. Ora, a um juiz, seja ele de primeira instância ou ministro dos tribunais superiores, seu compromisso e responsabilidade são infinitamente maiores, exigindo, portanto, além dos conhecimentos para o exercício da função, uma reputação ilibada – em todos os momentos de sua vida profissional e pessoal, para que suas decisões não sofram qualquer tipo de desconfiança.
Voltando a Paulo de Tarso: Todas as coisas me são lícitas; mas nem todas me convêm.”






Nenhum comentário:

Postar um comentário