sexta-feira, 7 de setembro de 2018

ATENTADO A BOLSONARO


O atentado ao candidato Jair Bolsonaro ontem em Juiz de Fora, não pode ser visto como um fato isolado. É, e espero, que tenha sido o capítulo final de uma sequência de episódios que vem ocorrendo no Brasil nos últimos anos e que um dia chegaria onde chegou.

Por mais que condenemos a atitude dessa pessoa, é bom lembrar que Jair Bolsonaro sempre defendeu a violência como antídoto para combater a violência e inúmeras vezes defendeu a  tortura, expressou que o golpe de 1964 deveria ter matado 30 mil pessoas, que bandido bom é bandido morto e que as pessoas devem ter o direito de possuir armas para se defenderem. Matar 30 mil para combater ideias é uma insanidade, tortura é inadmissível, bandido bom não existe e merece ser preso, julgado e condenado, e que uma sociedade armada incita a violência e dá aos desequilibrados a oportunidade de defenderem suas posições atirando e não discutindo. Para sorte dele o autor do atentado não o fez com arma de fogo e sim com arma branca o que teria dado um desfecho diferente ao episódio.

O episódio de Juiz de Fora vem sendo escrito faz tempo. Lembro-me bem que quando o câncer de Lula foi diagnosticado inúmeras pessoas – e não foram poucas, mostraram-se felizes e desejaram sua morte, inclusive pessoas que eu julgava sensatas e me causaram extrema decepção. Também não pode cair no esquecimento o que ocorreu quando D. Mariza Letícia foi internada para tratamento do problema cardiovascular que terminou em óbito, não foram poucos os que foram para frente do hospital festejar sua doença, em total desrespeito à paciente e seus familiares que sofriam com o que ela estava enfrentando. Também não podemos esquecer que em março os ônibus da caravana de Lula no Paraná foram alvejados a bala. Nada foi resolvido, embora “rigorosa” investigação fosse feita. Muitas pessoas manifestaram contentamento, muitas disseram que foi armação de Lula, inclusive o próprio Bolsonaro.

Não podemos nos esquecer que em abril a vereadora Marielle Franco foi brutalmente assassinada juntamente com seu motorista e o que vimos nas redes sociais, críticas condenando-a por ser lésbica. Até hoje o crime não foi esclarecido, mesmo o Rio de Janeiro vivendo intervenção militar e sua excelência o ministro da Segurança Sr. Raul Jungmann deitar muita falação e garantir investigação rigorosa.

Portanto o atentado a Bolsonaro foi o fato mais recente – e desejo que seja o último, de uma série de fatos que vem mostrando que os brasileiros perderam sua capacidade de discutir, divergir, defender ideias e posições de maneira civilizada. Perdemos a capacidade de sentar numa mesa de bar, defender nosso time, sua preferência por morena, loura, negra ou mulata, política nem se fala. Perdemos até as condições de defender a marca da nossa cerveja preferida.

Não vemos mais nosso vizinho de apartamento como vizinho e sim como a pessoa que foi contra nossa opinião na reunião de condomínio e que na hora do sufoco será a pessoa mais próxima para nos ajudar.
Política se discute politicamente, adversário não é inimigo e torcedor do outro time é simplesmente torcedor como nós.

Espero e desejo que tenhamos com o atentado a Bolsonaro chegado ao fundo do poço ou ao transbordamento da panela com água fervendo. Porque se assim continuarmos pais e filhos não se entenderão jamais, as famílias se dispersarão e provavelmente voltaremos à época das cavernas onde a ideia, a inteligência deixarão de existir, substituídas pelo tacape.

Já passamos do tempo de cultivar a moderação, o respeito a opinião do outro e lembrarmos que há no dicionário um verbete, muito bem definido chamado reconciliação.

2 comentários:

  1. Perfeito em todas as palavras, só discordo de uma e não eu que eu seja fervorosa defensora de Bolsonaro. Conforme você coloca ele defende que "as pessoas devem ter o direito de possuir armas para se defenderem", para se defenderem, não para atacarem. Não possuir arma em casa, infelizmente não impedirá ninguém de ter uma faca para atacar e matar outra pessoa. O movimento feitos anos atrás, não recordo agora o período certo que ocorreu, não diminuiu em nada a violência. Política no Brasil está igual a futebol, um campo minado. Infelizmente não acredito num futuro de paz a partir do que aconteceu ontem.Grande abraço.

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  2. Mas justamente o perigo que a arma representa é esse. O que possui para se defender de repente se transforma em algo para atacar se o proprietário não possuir o devido equilíbrio emocional.

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