sexta-feira, 23 de agosto de 2019

80 ANOS (FINAL)




    Em março de 2014 nascia a Lava Jato. Da investigação de um esquema de lavagem de dinheiro em um posto de combustível em Brasília denunciado por um doleiro (Youssef, anteriormente envolvido no escândalo do Banestado), no desenrolar do novelo foi pescando autoridades e empresários e se transformou na esperança dos brasileiros de que chegara a hora de colocar os poderosos na cadeia. Cumpriu em parte o seu papel, não podemos negar. Porém ao ultrapassar a linha limite da investigação dentro dos parâmetros da lei, suas grandes estrelas - o Juiz Federal Sergio Moro e o Procurador Federal Deltan Dalagnol meteram os pés pelas mãos e desde junho tem revelado aos bastidores de como agiram. Os bastidores da operação, conseguidos pelo The Intercept Brasil e divulgado pela mídia nacional (fora a rede Globo) e pela imprensa internacional desde junho passado embaçou o brilho e reputação dos dois. 
     Mais uma vez a opinião publicada agiu decisivamente para que os brasileiros se deixassem influenciar por suas opiniões, da mesma maneira que a turba instigada e provavelmente paga por membros do Sinédrio, chamada a optar em libertar Jesus ou Barrabás, preferiu o segundo, um criminoso bastante conhecido. Isso talvez tenha sido a perdição dos dois que embriagados pelo pelo endeusamento da imprensa consideraram-se cidadãos acima de qualquer suspeita e o que em princípio seria um trabalho que nos livraria da corrupção poderá vir a ser mais uma frustração dos milhões de brasileiros.  Mais uma, até aprendermos que não existem salvadores da pátria e nem pessoas acima de qualquer suspeita. 
    Se analisarmos com frieza o comportamento dos dois ao longo do período do Lava Jato sem paixão, concluiremos que o "deus" Sergio Moro usou e abusou do cargo e do prestigio conquistado. Grampeou e divulgou ilegalmente conversa da presidente Dilma com Lula, fato que em qualquer pais que cumpre as leis teria sido destituído do cargo e responderia processo. Determinou a condução coercitiva de Lula para depoimento sem ter sido convocado. Determinou à PF o recolhimento do tablet de neto de Lula e recomendou que seu lugar tenente não recolhesse os celulares de Eduardo Cunha. Vazou sem homologação  as delações de Palocci na véspera do segundo turno da eleição presidencial para prejudicar Haddad. Ganhou como prêmio o ministério da Justiça e Segurança a a promessa de um cargo de ministro no STF, como premio pelos serviços ao chefe Bolsonaro. O cargo no STF já foi para o espaço  e o de ministro da Justiça e Segurança que assumira como super ministro, é fritado diariamente em banha rançosa pelo chefe.
   Quanto ao idealizador do "Power Point" que colocava Lula como chefe de uma organização criminosa, por alguns alcunhado de Daltan "Power Point" Dalagnol, outrora "enfant terrible" da corrupção, após os vazamentos que o fustigam colocaram seu cargo na guilhotina. É bom recordar que ele para aproveitar o prestígio passou a ser palestrante remunerado, tentou criar uma fundação para ele e sua turma com o cujo capital seria de 50% de uma multa de 2,5 bilhões de dólares que a Petrobras pagaria à justiça americana e que não se concretizou por ter sido barrada no Supremo por solicitação da procuradora geral. E por suas diatribes contra ministros do Supremo, especialmente Dias Toffoli e Gilmar Mendes, sendo por este acusado de fazer parte de uma organização criminosa por estar investigando ao arrepio da lei.  
    Não sou contra o combate a corrupção e sim contra os métodos que alguns dos representantes do Estado que tem a obrigação de seguir fielmente a lei agirem fora da lei. Inaceitável.  
   Para não abusar mais da tolerância e paciência de vocês fecho o balanço dos meus 80 anos de vida com uma tristeza constatar que o eleitor que caiu na lábia de Jânio da vassoura e caspas de talco, Collor caçador de marajás mais uma vez cair na lábia de um político que durante 28 anos de mandato parlamentar praticamente nada fez a não ser ciscar no terreiro do baixo clero e ao subir a tribuna elogiar torturador, defender milicianos do Rio de Janeiro e a cada vez que abre a boca se supera em falta de educação, ofensas, mentiras e cuja grande obra até agora foi sugerir que se faça cocô em dias alternados para proteger o meio ambiente sem fazer nada para combater as queimadas.
   Hoje fiz 80 anos, sem comemorações pessoais, mas satisfeito e honrado de ir almoçar uma bela feijoada comemorativa dos 22 anos da linda Paulinha, filha de um casal amigo (Hamilton/Claudia) estudante de Direito, futura criminalista e esperança de um novo Brasil que tanto sonhamos.
    No grande palco do teatro da vida onde todos estamos participando e visualizando foi para mim, cuja cortina começa a se fechar, com a certeza que Paulinha ocupará seu espaço com brilho, inteligência, competência, sabedoria e caráter. 
    Longa vida com muita luz para você Paulinha.
 




3 comentários:

  1. Verdade amigo.. a única coisa a ser acrescentado, é que prendam-se bandidos sem distinção. Tendo em vista, que está escancarados os corruptos, que desfilaram sorridentes, ironizando o “poder do povo”

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