Os escândalos no Brasil sucedem aos borbotões, em verdadeiras cachoeiras de falcatruas que nos dá vontade de perguntar: vai sobrar alguém? Agora mesmo o envolvimento do senador Demóstenes Torres com o contraventor Carlinhos Cachoeira, se comprovado transforma-o de paladino da moralidade que usando a tribuna do Senado era implacável com os corruptos, não demonstrando qualquer complacência ou tolerância ao ser apanhado em delito vive seu inferno astral.Se tudo for verdade ele usando de sua inteligência, de suas qualidades de orador, do conhecimento das leis e do meando da marginalidade, aproveitou-se da visibilidade do cargo para de maneira torpe esconder suas fraquezas morais. Ao chamar a atenção para suas denúncias veementes ia acobertando sua vida paralela. Nenhum enredo novo porém ainda bastante eficiente.
Os fatos ocorrem numa rotina que se não ficarmos atentos e começar a exigir das autoridades punição para os delitos, poderemos perigosamente achar que isso é natural e faz parte da nossa genética. Não, não faz. O suborno, as falcatruas, o assalto ao erário, são praticados por uma pequena minoria que se julgam acima dos mortais comuns, amparados no seu poder econômico, no prestígio social e cargos políticos que ocupam, e infelizmente contando com a lentidão da justiça, ora do próprio código processual que permite a excelentes advogados contratados a peso de ouro encontrem sempre uma brecha para mais um recurso enquanto os acusados continuam a usufruir em liberdade os prazeres da vida que o resultado da pilhagem permite e financia. Eu quero, eu posso, eu faço. As leis não foram feitas para mim e sim para os idiotas que insistem em cumpri-las. Para mim o que vale são as brecha da lei que meus caríssimos advogados saberão encontrar para me livrar de coleguinhas menos competentes nas nossas infectas prisões.
Talvez por isso, que a última semana cheia de noticias vergonhosas, tenha sido a responsável para que Deus em sua infinita bondade tenha levado em pouco espaço de tempo pessoas que nos trouxeram momentos de extremo prazer e alegria incomparável. Foram-se Chico Anysio, Millôr Fernandes, Ademilde Fonseca e o compositor/cantor baiano Ederaldo Gentil. De todos o menos conhecido, Ederaldo, autor de O Ouro e a Madeira (vejam o vídeo abaixo), foi um desses sambistas que ficou restrito ao prestigio em sua terra natal, mas nem por isso deixou de contribuir muito para a nossa MPB.
Deus que os poupou de mais dissabores, rogamos que faça com que os homens de bem do nosso país sejam mais eficientes na aplicação das leis, mais intolerantes com a criminalidade, mais duros com os criminosos e mais ágeis nas providências para afastarem do nosso convívio pessoas tão perniciosas, independente do seu prestígio social, político ou econômico.
Só divulgando e expondo comentários como este é que podemos tentar não achar que é normal ser corrupto. Semana passada quando li na Revista Veja, a entrevista do Deputado Romário, pensei, será que daqui a 20 anos ele estará pensando e agindo como hoje? A única coisa que impede a corrupção é a retidão de caráter.
ResponderExcluir