domingo, 15 de abril de 2012

TITANIC


     Ufa!!! Já não aguento mais ver todo o ano a repetição do naufrágio do Titanic. Confesso que as vezes me passa a ilusão que o final vai ser diferente. O Titanic não encontrou no meio do caminho uma pedra e que no meio do caminho do Titanic não havia uma pedra...mesmo sendo de gelo. Que as dondocas desembarcaram todas contentes e satisfeitas no "pier" de New York exibindo suas riquissimas joias e vestidos de "griffe" ao lado dos maridões barrigudos como antigamente convinha ao conceito politicamente correto da época,impecavelmente vestidos e bufando nos seus fraques, de cartola, charutos enormes e alguns deles belamente ornamentados com chifres, tudo isso ao som da orquestra tocando a Valsa do Adeus.
    Na minha imaginação o final foi tão tranquilo que ainda houve tempo de Leonardo di Caprio comer a mocinha na proa mesmo sem ligar para o vento frio e cortante e a chuva e nos legar os netinhos que provavelmente  financiam até hoje a tragédia que ontem completou cem anos.
     Mas como a realidade não muda, continuamos a ver na tv e ler nos jornais que enquanto o Tatanic após o choque com um iceberg começava a afundar e o alvoroço tomava conta de todos a orquestra impassivelmente continuava a executar seu repertório. Pergunto-me por quê e pra quê? será que era para dar a impressão que tudo estava bem e que não havendo botes salva vidas para todos era melhor morrer dançando? ou por se tratar de um navio insubmergivel segundo a basófia do armador e do comandante, ostentando no seu mastro a bandeira do império cujo sol nunca se punha o "iceberg" é que deveria se curvar submissamente ao seu poder e se partir  em pedrinhas de gelo em medidas ilimétricas para ser colocado nos copos de uisque e serem servidos "on the rocks"?
     Até parece que o Titanic foi o único navio a naufragar em toda a história da navegação. Lógico que por suas proporções deve ser lembrado, mas não em ritmo de comemoração e sim como lição para que outras tragédias não ocorram.
     Lembro-me de dois naufrágios com embarcações italianas e de grandes proporções em que um não é lembrado e outro prematuramente esquecido.
    Há 55 anos o maior navio da época, o Andrea Doria, com 1.700 passageiros naufragou chegando em Nova Iorque onde morreram 51 pessoas. Ninguem fala, ninguem se lembra. 
\     Prematuramente esquecido temos  o Costa Concordia  ocorrido em 12 de janeiro de 2012 com mais de 4000 passageiros que por irresponsabilidade de um comandante que pensou poder brincar com um navio de 114.500 toneladas colocou em risco a vida de mais de 4000 passageiros, ao jogar  o navio nas rochas da Ilha de Giglio, Italia e  matando 30 pessoas. Um número baixíssimo de vitimas para a quantidade de passageiros, felizmente.
    Já com o Titanic, todo ano um novo capítulo, ora falando dos ricos, ora das joias, ora do caos e por último, do profissionalismo dos músicos que continuaram tocando, uma representação gráfica no Fantástico mostrando a tragédia tim tim por tim tim ou, melhor dizendo, plim, plim, por plim, plim.
     Só faltou bolo de comemoração com 100 velinhas referindo-se ao centenário ou numa versão "Fradinhos do Henfil" com 1500 para lembra mais uma vez o numero de mortos.
    Até uns 3 anos atrás ainda entrevistavam sobreviventes relembrando o sufoco. Se estavam la mesmo já passavam dos 120/130 anos. Se em 2012 aparecer algum entrevistado e comprovada sua veracidade, vale a   máxima do ditado popular de que  "quem de uma escapa cem anos vive," com uma adaptação ao tema: "quem do naufrágio do Titanic escapa, mais de cem anos vive...para encher nosso saco."

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