domingo, 2 de setembro de 2012

O TEMPO

    
     Hoje vivi o tempo em seus dois extremos quase ao mesmo tempo. Da corrida de Fórmula 1 que assistia, onde o tempo é medido em milésimos de segundos fui chamado a atenção pelo som de uma bandinha de música que desfilava na rua para anunciar o lançamento de um edificio residencial aqui perto de casa. Transportei-me rapidamente da velocidade dos milésimos de segundos dos bólidos para as lembranças de um passado onde o tempo era contado em horas. Do tempo onde as bandas da cidade de minha infância – Santo Amaro da Purificação, desfilavam garbosas aos domingos pelas ruas principais em direção à Praça da Purificação e, instaladas nos seus coretos desfilavam seu repertórios de marchas e dobrados encantando a todos.
        Bons tempos que não voltam, indelevelmente marcados na minha memória, proprocionando-me o prazr de saborear a maravilhosa sobremesa das boas recordações cujo valor de tão elevado que é, por mais dinheiro que tenhamos não é suficiente para compra-la.
     Voltei no tempo por concessão do tempo para me lembrar do tempo em que criança jogava bola na rua, andava de bicicleta, às escondidas mergulhava nas já poluídas águas do rio Subaé, andava no bonde puxado por uma parelha de burros, brincava de esconde esconde, corria picula, pulava corda e inúmeras outras brincadeiras fazia, além da sensação de ser livre, mesmo sabendo que era vigiado.
     De um tempo em que as ruas, por serem tranquilas e seguras, principalmente numa cidade do interior eram extensão de sua casa, do seu quintal, do passeio em frente à sua residêcia. E os muros dos quintais do vizinhos eram pulados para colher as frutas da época. Bons tempos.
     Retornei no tempo para agradecer ao tempo por me ter dado tempo de ver o progresso do tempo sem me prender a um tempo que não voltando no tempo permite-me ter saudade do tempo da infância e juventude, e, na realidade da maturidade, não viver o ridículo de imaginar que o tempo não passou para mim e, rendendo-me aos exageros do modernismo, inadequados para um setentão, servir de motivos de risos, piadas e chacotas daqueles que estão no seu verdadeiro tempo.
    O tempo não para. E como não para cabe-nos ir vivendo  com dignidade e respeito, aceitando suas modificações naturais, necessárias e importantes, saudosos sem saudosismos. Realistas.
    Porque ser moderno não é sair por aí tentando fazer o que o peso do tempo não permite mais e nem o bom senso recomenda. Ser moderno é não parar de pensar, é aceitar o progresso sem o ridículo de querer ser "moderninho". 
    É reconhecer que o tempo não para e, por não parar,  marcou você com rugas. Rugas que não são cicatrize e sim troféus conquistados nas batalhas de uma luta onde muitas vezes você tropeçou, algumas vezes caiu, levantou-se com seus próprios esforços e muitas vezes com a ajuda de familiares e amigos e que venceu: o tempo.

 

 

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