HIPOCRISIA E COPA DO MUNDO

     Esse evento, um dos mais importantes do calendário mundial que realizaremos durante um mês a partir do dia 12 precisa ser encarado como um evento importante e que nos oferece a oportunidade de mostrar o Brasil para os visitantes no que tem de melhor.

     Os nossos problemas, que são muitos, as nossas mazelas que incomodam são nossas, precisam ser resolvidos por nós sem a necessidade de precisar escancara-los numa atitude que só nos  expõem ao ridículo.

     Faltam hospitais, a saúde é uma lástima, a educação é deficiente, a segurança é precária e a corrupção vem corroendo o Brasil há séculos. Mas daí querer aproveitar a Copa do Mundo para escancarar os nossos grandes problemas é uma atitude antipatriótica que em vez de ajudar somente prejudica. Passa para o estrangeiro a imagem que estamos mais interessados em escancarar os nossos defeitos do que realmente enfrenta-los e, mais ainda tentar resolve-los.

     Na realidade somos uns hipócritas. Somos tão hipócritas que durante o tempo todo em que o Brasil pleiteou a realização da Copa em nenhum momento vimos vozes se levantarem contra sua realização e ponderarem que nossas carências deveriam ser enfrentadas e solucionadas para então pensarmos em Copa do Mundo. E o que vimos? O ufanismo de sua realização e, pior ainda um Olimpíada dois anos depois.

     Não vimos os formadores de opinião protestarem de forma veemente contra sua realização. E os poucos que fizeram foram tímidos e até covardes.

     Portanto, no momento em que estamos às vésperas do seu início vir protestar, contra sua realização, incentivar o boicote, programar protestos violentos, escancarar as nossas carências e jogar no ventilador a nossa corrupção, onde muitos do que denunciam provavelmente dela são sócios, é um ato de extrema covardia e hipocrisia. Certamente muitos deles estão  reclamando por terem seus interesses contrariados.

     Torço e torço muito para que a Copa do Mundo seja em evento realizado em paz, que alcance o sucesso esperado, que a imagem do Brasil no exterior seja valorizada, que as reclamações naturais ocorram dentro dos limites democráticos, que os excessos sejam repelidos com rigor necessário e que o Brasil seja hexa.

     Depois da Copa, é outra história. Deixemos de ser hipócritas e enfrentemos os problemas com vontade realmente de solucioná-los.