segunda-feira, 18 de agosto de 2014

3/4 DE SÉCULO




     Completo hoje 75 anos ou ¾ de século. Agradeço a Deus por me dar um bom tempo para resgatar boa parte das faltas passadas e poder semear a colheita futura. Espero ter sabido escolher a boa semente e o local da semeadura para que ela possa produzir bons frutos.
      Ao atingir ¾ de século melhor que contar os dias passados, relatar fatos vividos ou testemunhados seja bem melhor até  porque nos mostra que o tempo nos fez testemunha ocular da história. E olha que não foram poucos nessa caminhada de altos e baixos, alegrias e tristezas, risos e lágrimas, amores e desamores, chegadas e despedidas, tumultos e calmarias. Enfim, o côncavo e o convexo, o direito e o avesso, o claro e o escuro, o doce e o amargo, o equilíbrio e desequilíbrio de tudo aquilo que vai ao longo do tempo forjando a nossa história. 
    Esses 75 anos testemunharam muitas guerras e pouquíssima paz, nascimentos e mortes, brigas e reconciliações.
     Ainda no berço, o nascer de uma guerra cujos horrores praticados pelos nazistas, principalmente contra os judeus não foram menores do que as bombas atômicas lançadas pelos americanos em Hiroshima e Nagasaky.
       Vi nascer a bossa nova, vivi os anos dourados e tomei conhecimento dos horrores pelos relatos de testemunhas e vítimas de 21 anos de uma ditadura cruel.
     Vivi o tempo dos telegramas que demoravam, das cartas que não chegavam, dos telefones que não falavam, até a chegada dos celulares úteis e eficientes e maior fator de mudança de comportamento das pessoas, infelizmente para pior.
     Na política vi de tudo, ou melhor, quase tudo, pois na política nunca se vê tudo. Do fim da ditadura de Vargas e seu retorno para sair morto do Palácio do Catete, vítima da irresponsabilidade de sua guarda pessoal e também da metralhadora verbal de um homem chamado Carlos Lacerda, inteligência brilhante, ego gigante, mente doentia.
Vi o país crescer cinco anos em cinco com JK para sete meses após sua saída vê-lo entrar em crise decorrente das atitudes de um insano chamado Jânio.
Vivi uma boa solteirice, valorizei bastante a noite, até por achar que somente nela as pessoas circulam sem máscara.
Casei, dois filhos, dois netos e entre calmaria e tempestades vamos navegando o barco.
Entre irmãos brigamos, nos afastamos, retornamos e juntos choramos a perda de Rui, da mesma maneira que lá atrás choramos a perda dos pais. Em compensação vivo a alegria dos nove sobrinhos em que Fátima sozinha contribuiu com cinco.
     Vi muito mais coisas que possam imaginar e que em respeito ao tempo de vocês não relato.
     Ah o tempo. Cruel e ao mesmo tempo justo, inexorável e pontual. O único e verdadeiro professor dos eternos aprendizes de uma escola chamada vida.      Obrigado por suas lições .
     Ufa! Vivi. Ou melhor, continuo a viver com a mesma alegria de sempre e diariamente até o dia em que a cortina do palco da vida se feche, agradecendo a Deus por ter sido um coadjuvante no maior e mais importante espetáculo da Terra: A Vida.




2 comentários:

  1. Virgílio, primeiramente meus parabéns ao completar 3/4 de vida. Como escreveu.Aceite os nossos parabéns da Família Schwab

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  2. O melhor de tudo "Ufa! Vivi. Ou melhor, continuo a viver...". Parabéns!

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