Quando as deusas envelhecem fatalmente retroagimos no
tempo e nos lembramos da época em que elas povoavam nossas mentes, nossos sonhos, nossas ilusões
e principalmente aqueles momentos em que
solitariamente descarregávamos na mão toda a larva que aquele vulcão em constante
erupção produzia.
Não fazendo parte da preocupação juvenil, o tempo
para nós era apenas um dia após o outro ou simplesmente o despertar de uma noite bem dormida que servia para recarregar as baterias de um corpo em constante torvelinho.
Por isso, o tempo, não fazendo parte das nossas preocupações, favorecia-se disso para tranquilamente seguir em frente, enquanto costurava pacientemente nosso passado.
Como para nós o passado era exclusivamente o dia
anterior, na foto do quarto, do caderno escolar ou mesmo do banheiro,
nossas deusas continuavam jovens, belas, lindas e sensuais a nos estimular o exercício do sexo e alimentando um libido em constante ebulição.
Como o tempo em sua marcha não discrimina ninguém, envelhece a todos. Inclusive as nossas deusas. E
como envelhecem.
Umas com sabedoria, outras nem tanto. Algumas, quando
no espelho descobrem as rugas do tempo e
que sua presença não causa mais o “frisson” de antigamente, os convites escasseiam, desesperam-se com a realidade e abrem as
portas para a depressão. Outras, inteligentemente, se afastam do cenário da
ficção, dos holofotes da ilusão, passam longe dos cirurgiões e com dignidade
aceitam a velhice com a mesma disposição que enfrentaram câmeras, fãs,
fotógrafos, críticos e... o ocaso.
Uma das minhas deusas envelheceu com dignidade e a
mesma explosão que fez enlouquecer homens com seu narizinho empinado, seus
dentinhos da frente ligeiramente separados, olhos penetrantes, ousadia constante, corpo escultural
e boca sensual.
Aquela jovem mulher, símbolo sexual de uma geração, presença constante das páginas de revistas, sempre com pouca roupa, outras vezes sem, poses sensuais, que superlotou cinemas em E Deus
Criou a Mulher, Babette Vai a Guerra,
Helena de Troia, Vingança de Mulher e tantos outros filmes de um extensa
carreira perdeu a juventude, o corpo escultural, a agilidade e muito da mobilidade. Só
não perdeu a dignidade, a força de vontade e a vivacidade.
E ainda hoje na sua Saint Tropez continua a atrair a atenção de todos, não pelo
que foi e sim pelo que é. Uma mulher que transferiu toda a sua energia
vulcânica para lidar com pessoas, para a meritória tarefa de defender os
animais.
As poucas roupas de antigamente, substituídas por vestimentas sóbrias e bem compostas, a
agilidade do andar, pelos passos lentos auxiliados por muletas que lhe ajudam no caminhar, continua a ser aos 79 anos o grande objetivo de muitos "paparazzi".
Essa mulher é Brigitte Bardot, a BB de todos
sem quase ter sido de nenhum, ou de muitos poucos.
Maravilhosa Brigitte Bardot.
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