No mar azul
de Itapoã as baleias Jubarte bailavam em sincronia harmoniosa e bela o
seu ritual de acasalamento Na praia os coqueiros balançando nos recordava Caymmi e Vinicius. Na mesa do
restaurante, cerveja, caipirosca, uma branquinha das boas e alguns petiscos em preâmbulo para a saborosa moqueca mista que estava por chegar.
Os sessentões inspirados pelas belezas do que via e com as línguas já destravadas pela bebida começaram a
desfilar na passarela de suas recordações os episódios que motivaram, e enriqueceram a
vida de cada um. Era o mais puro ouro de vidas bem vividas, onde não faltavam os mais valiosos diamantes: os
amores vividos, os amores perdidos e os amores jamais esquecidos.
Os cinco “religiosos” eram ao mesmo tempo
confessores e confessados desfilando segredos, aventuras, recordações, conquistas e frustrações, saudosos sem arrependimento, consciente de que o tempo que foi passou. Não retorna. Portanto vivamos o presente. Preferencialmente, bem.
E mais: com a alegria de ter vivido. Bem ou mal, v i v i d o. E ponto final.
Lógico que na garimpagem das recordações muito bem guardadas na gaveta do tempo, não poderia deixar de ser pinçado o mais valioso diamante, o do amor, não das paixões, e sim do verdadeiro amor, aquele jamais esquecido..
Nesse terreno, como não poderia deixar de ser, as
confissões mais secretas que nem os próprios esperavam um dia revelar nem os
amigos ouvir.
E houve. Não somente o revelar de sentimentos tão bem guardados,
como também os nomes que o passar do tempo, a distância e as armações da
vida jamais deixaram esquecer.
Se esse reencontro recheado de boas recordações de nada servisse, o ato de se ter aliviado do peito a disritimia que tanto incomodava e maltratava teria valido a pena.
Foi um pequeno consolo por ter deixado escapar por motivos que não importa revelar, que nesse momento precisava ser escancarado aos ventos o seu nome tão bem guardado: VOCÊ. E não poderia haver um lugar mais adequado para tal momento do que Itapoã.
Não vai resolver.
O mundo não vai dar marcha ré. Mas o simples fato de poder declarar o
que sentiu e que durante um longo tempo ficou bem guardadinho no fundo do baú da
memória certamente vai ajudar bastante. Alivia o peso de um segredo que
incomodava. É como se fosse a consolação de pelo fato de não ter vivido ter sido revelado.
Ah, a vida. São tantas idas e vindas, segredos e revelações, coincidências e contradições, amores e desamores,
uma mistura de cores que nos fazem lembrar um arco-íris nos mostrando sua
beleza que na maioria das vezes não sabemos aproveitar.
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