Lembrei-me do tempo de criança onde a Semana Santa era realmente
uma semana e a partir da quarta-feira, chamada de quarta-feira de trevas
ocorriam diversas restrições, como por exemplo falar o mínimo e em voz baixa, a
proibição nas estações de rádio de músicas que não fossem clássicas e tocadas,
entre os mais radicais a proibição de banho. Essas regras iam até o sábado com
a leitura do testamento de Judas seguido de queima.
Os tempos mudaram as
restrições terminaram e a semana ficou resumida a um só dia. Até a queima de
Judas não é mais aquela.
Mas como o mundo gira,
de tanto girar voltamos ao tempo antigo, embora por um motivo sem qualquer tipo
de nobreza; muito pelo contrário, por motivos bastante sórdidos. Refiro-me às
denúncias das delações premiadas de executivos e ex-executivos da construtora
ODEBRECHT começadas a divulgar com bastante detalhes a partir da quarta-feira
de trevas e que certamente se estenderão até bem depois do sábado de aleluia.
Coincidência ou não o início
da divulgação em dia tão emblemático nos mostrou quanto nós brasileiros fomos
mantidos nas trevas, no atoleiro fétido da corrupção por mais de 30 anos pela
grande quadrilha, comandada pela Organização Criminosa ODEBRECHT. Pela sofisticação
com que foi planejada para cometer uma infindável quantidade de crimes, com a
riqueza de detalhes do seu funcionamento, a preocupação e providências para que
o esquema não fosse descoberto (o servidor que controlava tudo está ou pelo
menos estava localizado na Suíça), a permanente atualização para acompanhar com
mais sofisticação do roubo aos cofres públicos delatadas com a maior desfaçatez
pelos ainda e ex executivos não resta dúvida que a ODEBRECHT não passava de uma
organização criminosa com fachada de construtora, no mesmo estilo utilizado
pelos mafiosos que quase sempre procuravam encobrir sua verdadeira finalidade (o
crime), através de atividades legais, como pizzarias, lavanderias etc.
Essa organização
criminosa chamada ODEBRECHT que nos é trazida a superfície por seus próprios chefes
e patriarca mor choca, ofende e humilha.
A confissão de um
deles ao ser perguntado e que fazia hoje, com ar de riso respondeu que apenas
aguardava se livrar desse troço (tornozeleira) para ir gozar a vida. Um outro declarou
que a empresa pagava bônus para quem conseguisse melhorar o faturamento.
Não escapa ninguém no
mundo político, empresarial e imprensa. Assim declarou o chefe de todos os
chefes em tom irônico e sorrisos largos o patriarca Emilio Odebrecht.
Pelo que vi e ouvi,
com a permissão de me perdoarem a ignorância não vi ali nenhum delator e sim um
bando de criminosos confessando seus crimes com um cinismo irritante na certeza
de que nada mais acontecerá a eles a não ser temporariamente o uso da “joia”
muito em voga para bandidos: a tornozeleira eletrônica.
Deveriam ter saídos presos,
algemados, (todos sem exceção) por serem ladrões.
A classe (classe?)
política brasileira não existe. O que existe é um bando de delinquentes que se aproveitam da Política com P maiúsculo para
enriquecerem fácil através do roubo da saúde, da educação, da segurança dos
brasileiros.
A tornozeleira devia tb ser aquela de antigamente. Aquela bola de chumbo dos irmãos metralhas... Somos obrigados a ver esses calhordas no horário nobre, destilando seu desdém sobre nós, trabalhadores honestos...
ResponderExcluirTem toda razão. Valeu
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