sábado, 15 de abril de 2017

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA



      Lembrei-me do tempo de criança onde a Semana Santa era realmente uma semana e a partir da quarta-feira, chamada de quarta-feira de trevas ocorriam diversas restrições, como por exemplo falar o mínimo e em voz baixa, a proibição nas estações de rádio de músicas que não fossem clássicas e tocadas, entre os mais radicais a proibição de banho. Essas regras iam até o sábado com a leitura do testamento de Judas seguido de queima.

    Os tempos mudaram as restrições terminaram e a semana ficou resumida a um só dia. Até a queima de Judas não é mais aquela.
    Mas como o mundo gira, de tanto girar voltamos ao tempo antigo, embora por um motivo sem qualquer tipo de nobreza; muito pelo contrário, por motivos bastante sórdidos. Refiro-me às denúncias das delações premiadas de executivos e ex-executivos da construtora ODEBRECHT começadas a divulgar com bastante detalhes a partir da quarta-feira de trevas e que certamente se estenderão até bem depois do sábado de aleluia.
    Coincidência ou não o início da divulgação em dia tão emblemático nos mostrou quanto nós brasileiros fomos mantidos nas trevas, no atoleiro fétido da corrupção por mais de 30 anos pela grande quadrilha, comandada pela Organização Criminosa ODEBRECHT. Pela sofisticação com que foi planejada para cometer uma infindável quantidade de crimes, com a riqueza de detalhes do seu funcionamento, a preocupação e providências para que o esquema não fosse descoberto (o servidor que controlava tudo está ou pelo menos estava localizado na Suíça), a permanente atualização para acompanhar com mais sofisticação do roubo aos cofres públicos delatadas com a maior desfaçatez pelos ainda e ex executivos não resta dúvida que a ODEBRECHT não passava de uma organização criminosa com fachada de construtora, no mesmo estilo utilizado pelos mafiosos que quase sempre procuravam encobrir sua verdadeira finalidade (o crime), através de atividades legais, como pizzarias, lavanderias etc.
    Essa organização criminosa chamada ODEBRECHT que nos é trazida a superfície por seus próprios chefes e patriarca mor choca, ofende e humilha.
    A confissão de um deles ao ser perguntado e que fazia hoje, com ar de riso respondeu que apenas aguardava se livrar desse troço (tornozeleira) para ir gozar a vida. Um outro declarou que a empresa pagava bônus para quem conseguisse melhorar o faturamento.
    Não escapa ninguém no mundo político, empresarial e imprensa. Assim declarou o chefe de todos os chefes em tom irônico e sorrisos largos o patriarca Emilio Odebrecht.
    Pelo que vi e ouvi, com a permissão de me perdoarem a ignorância não vi ali nenhum delator e sim um bando de criminosos confessando seus crimes com um cinismo irritante na certeza de que nada mais acontecerá a eles a não ser temporariamente o uso da “joia” muito em voga para bandidos: a tornozeleira eletrônica.
    Deveriam ter saídos presos, algemados, (todos sem exceção) por serem ladrões.
    A classe (classe?) política brasileira não existe. O que existe é um bando de delinquentes  que se aproveitam da Política com P maiúsculo para enriquecerem fácil através do roubo da saúde, da educação, da segurança dos brasileiros.

   

2 comentários:

  1. A tornozeleira devia tb ser aquela de antigamente. Aquela bola de chumbo dos irmãos metralhas... Somos obrigados a ver esses calhordas no horário nobre, destilando seu desdém sobre nós, trabalhadores honestos...

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