domingo, 25 de fevereiro de 2018

SER BAIANO...



Ser baiano é um estado de espírito. Ele não nasce... estreia e, a maioria das vezes “causando.” O caso mais recente foi o nascimento das gêmeas de Ivete Sangalo que chegaram no sábado de carnaval.
Quase sempre não choram ao nascer. Cantam axé.
Quando está mamando, se passar um trio elétrico só não sai do peito da mãe porque ela segura. É a máxima de que atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...ou foi seguro pela mãe.
Jamais um baiano chega atrasado em um compromisso. O relógio é que adiantou um pouco.
Andam devagar sem pressa para a vida não passar depressa.
Por um bom “papo”, uma boa conversa, vão longe, bem longe.
Não perdem um pôr do sol no Porto da Barra (o mais lindo do mundo), um acarajé com pimenta e uma “punheta.” Iguarias que não faltam no tabuleiro da baiana.
Ser baiano é não perder a lavagem do Bonfim, não importa a religião.
Sendo católico não perde a missa de domingo, mas por garantia dão uma passadinha no “terreiro” para agradar o “santo”. Nunca se sabe o que pode acontecer depois, portanto, é melhor estar “coberto.”
Ser baiano é acordar cedo para trabalhar, chacoalhar durante uma hora no “buzu,” chegar no trabalho sorrindo e a noite ir para a balada e no dia seguinte repetir o mesmo ritual... sem reclamar.
Ser baiano  é fazer amanhã o que é para fazer amanhã. Por que fazer hoje? A cada dia com a sua agonia.
Ser baiano é chamar mãe de mãinha e pai de painho.
Ser baiano é no carnaval sair nos Filhos de Gandhy, e nas Muquiranas.
Ser baiano é frequentar a Cantina da Lua no Terreiro de Jesus e não deixar de  ir ao Pelô às terças-feiras ver o Olodum com sua batida inconfundível.
Ser baiano é ver os ensaios do Ylê e a todos os outros ensaios para o carnaval que começam em outubro.
É ser frequentador do Pelô, andar por suas ruas calçadas com pedras cabeça de negro e ficar apreciando as cadeiras das baianas remexendo pra lá e pra cá numa cadência erótica.
É chamar neguinha de neguinha e negão de negão sem risco de ser acusado de racista.
Ser baiano é pedir ajuda a Cosme e Damião para um amigo em dificuldade ou doente, prometendo um caruru se a graça for alcançada. Mas avisa logo aos santos que quem vai pagar a promessa é o beneficiado mesmo sem combinar com o dito cujo.
Ser baiano é ir à praia, sentar numa barraca, comer peixe frito com uma cervejinha bem gelada. Banho de mar é secundário.
Ser baiano é tratar quem não conhece por “Ô meu Rei.
Ser baiano é... ser baiano.







Um comentário:

  1. Só quem é baiano ou quem viveu em Salvador, sabe as minúcias aqui escritas.

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