Não guardo rancor nem costumo colocar no freezer
recordações que maltratam, incomodam. Normalmente costumo me livrar logo delas
porque são um atraso de vida.
Hoje cedo ao abrir meu zap, li uma mensagem de um amigo que muito prezo,
inteligente, bem sucedido, pai e avô que me chocou tanto e que mesmo tendo
rebatido imediatamente ainda não consegui me livrar dela e, para não correr o
risco da possibilidade de arquivamento, resolvi aqui manifestar o meu desabafo.
Leiam a mensagem: “E
ninguém lembra que a vereadora morta Marielle é ex-mulher do traficante
Marcinho VP, engravidou dele aos 16 anos de idade”. Respondi-lhe: “E isso justifica a
execução? Francamente não dá para acreditar que uma postagem dessa possa ter
saído de uma pessoa inteligente. Mataram, aliás executaram um ser humano. Um
comentário desse só nos faz imaginar quanto ainda somos anões quando se trata
respeitar a vida. Doeu ler isso, mas, infelizmente é na realidade o perfil do
nosso povo. Ainda somos bárbaros, consequentemente há anos luz da civilização”.
Não satisfeito envia-me um vídeo onde ela faz críticas ao juiz Sergio
Moro. Leia o comentário dele “...
olha aí quem érea a inocente vereadora do Rio de Janeiro...preste atenção neste
vídeo... essa vereadora era inimiga do Estado de direito e amiga do crime
organizado. Assistam aí seus inocentes”.
Perguntei: Justifica a execução? Se justifica parabéns.
Dizer-se democrata, defensor do
Estado de direito, defendendo a execução de uma pessoa por expressar a sua
opinião, prerrogativa garantida pela nossa Constituição, é uma pobreza de
espírito gigantesca. Opinião combate-se com opinião. A não ser que a pessoa por
lhe faltar tal condições, entende que somente eliminando o que contraria seus princípios
(que princípios?) tem que ser eliminado.
Encerro com a seguinte indagação: podemos acreditar que uma pessoa que
pensa dessa maneira está interessada no afastamento dos políticos corruptos
através do voto? Creio que não. Essa estrutura carcomida lhe interessa, enverniza
o ego e lhe dá oportunidade para expressar a pequenez.
Encerando definitivamente cito
Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando
a alma não é pequena”. Decididamente não é o caso da sua alma.
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