quinta-feira, 22 de novembro de 2018

HIPOCRISIA COM A EDUCAÇÃO


    Faleceu aos 86 anos em Joinville Zelândia Ramos, também conhecida como Mila Ramos.
    Laços familiares nos aproximavam pois foi sogra do meu irmão Rui. Esse, porém, não é o motivo que me leva a essa crônica e sim, o fato de ter sido uma pessoa dedicada a educação, a cultura, o amor aos livros, à arte e em especial ao magistério no mais amplo sentido.
    Não satisfeita somente às salas de aula dos níveis médios e superiores, a professora de literatura sob o pseudônimo de Mila Ramos nos legou livros de crônicas e poesias que muito colaboraram para que as pessoas aumentassem seus conhecimentos e ampliassem seus horizontes.
    Zelândia, ou Mila, já nasceram com luz própria e fizeram questão de não guardarem para si essa luz; e sim, iluminar os caminhos dos que demonstravam vontade de aprender e crescer. E isso ela fez com competência, sabedoria e dedicação durante toda a sua existência. E mais, não somente os livros, as salas de aula e os corredores das escolas por onde passou limitaram seu horizonte. Qualquer oportunidade que surgisse para elevar a cultura e o amor à arte, as pessoas sabiam que contariam com ela. E uma dessas provas concretas foi ter trazido o Ballet Bolshoi para se apresentar em Joinville, tendo essa atitude influenciado para que essa instituição russa (ai que medo dos comunistas!) criado uma escola em Joinville, que tem possibilitado a muitos jovens a oportunidade de se dedicar ao ballet, sem preconceitos (principalmente os rapazes) e abrir o horizonte para muitos deles.
    Zelândia não morreu triste, pois quem cumpre suas obrigações e se dedica em ajudar ao próximo, tem a consciência tranquila do dever cumprido e o conforto que isso proporciona. Embora possa parecer uma contradição, tenho certeza de que no coração levou uma pontinha  de mágoa por testemunhar o descaso com que tratam o ensino e que, hipocritamente, de boca cheia, ficam defendendo sua importância e por debaixo dos panos trabalham contra para que o povo continue submisso aos seus desmandos.
    Aqui na Bahia estamos testemunhando tal fato porque o governo estadual a título de cortar custos está fechando diversas escolas, inclusive algumas com mais de 40 anos, entre elas o Centro de Educação Magalhães Neto, um modelo de ensino para jovens a adultos que funciona (até o fim do ano letivo) nos turnos diurnos e noturno.
    Pelo amor de Deus. Fechar escolas para cortar custos é o suprassumo da ignorância, estupidez e total falta de respeito para com o cidadão e descaso para com o futuro do Brasil.
    Que Zelândia, Mila, descanse em paz e que a sua luz ilumine a mente dessas pessoas pequenas, mesquinhas, de horizonte pequeno conscientizem-se que educação se faz com escolas, salas de aula, professores capacitados e bem remunerados e sinceridade, não cortando custos do setor e sim, investindo cada vez mais.



Um comentário:

  1. Felizmente ainda temos seres humanos capazes de fazer uma análise do verdadeiro valor de uma boa educação. Atualmente como foi relatado claramente no texto "Hipocrisia com a Educação" estamos enfrentando situações que nos levam a questionar onde estão os nossos valores educacionais. Este texto nos faz lembrar do tempo em que educação era sinônimo de prioridade, nos fazia sentir orgulho em responder quando questionados qual a nossa profissão e a resposta era imediata: ESTUDANTE. Éramos considerados construtores de um futuro melhor. E agora? Como vamos chegar a esse tão desejado futuro?
    Agradecemos aos que ainda acreditam em nós. Obrigada SR. Virgílio por essa rica lembrança. E que Deus nos proteja e ilumine a consciência dos nossos representantes.

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