Faleceu aos 86 anos em Joinville Zelândia Ramos, também conhecida
como Mila Ramos.
Laços familiares nos aproximavam pois foi sogra do meu irmão Rui.
Esse, porém, não é o motivo que me leva a essa crônica e sim, o fato de ter
sido uma pessoa dedicada a educação, a cultura, o amor aos livros, à arte e em
especial ao magistério no mais amplo sentido.
Não satisfeita somente às salas de aula dos níveis médios e
superiores, a professora de literatura sob o pseudônimo de Mila Ramos nos legou
livros de crônicas e poesias que muito colaboraram para que as pessoas
aumentassem seus conhecimentos e ampliassem seus horizontes.
Zelândia, ou Mila, já nasceram com luz própria e fizeram questão de
não guardarem para si essa luz; e sim, iluminar os caminhos dos que
demonstravam vontade de aprender e crescer. E isso ela fez com competência,
sabedoria e dedicação durante toda a sua existência. E mais, não somente os
livros, as salas de aula e os corredores das escolas por onde passou limitaram
seu horizonte. Qualquer oportunidade que surgisse para elevar a cultura e o
amor à arte, as pessoas sabiam que contariam com ela. E uma dessas provas
concretas foi ter trazido o Ballet Bolshoi para se apresentar em Joinville,
tendo essa atitude influenciado para que essa instituição russa (ai que medo
dos comunistas!) criado uma escola em Joinville, que tem possibilitado a muitos
jovens a oportunidade de se dedicar ao ballet, sem preconceitos (principalmente
os rapazes) e abrir o horizonte para muitos deles.
Zelândia não morreu triste, pois quem cumpre suas obrigações e se
dedica em ajudar ao próximo, tem a consciência tranquila do dever cumprido e o
conforto que isso proporciona. Embora possa parecer uma contradição, tenho
certeza de que no coração levou uma pontinha
de mágoa por testemunhar o descaso com que tratam o ensino e que,
hipocritamente, de boca cheia, ficam defendendo sua importância e por
debaixo dos panos trabalham contra para que o povo continue submisso aos seus
desmandos.
Aqui na Bahia estamos testemunhando tal fato porque o governo
estadual a título de cortar custos está fechando diversas escolas, inclusive
algumas com mais de 40 anos, entre elas o Centro de Educação Magalhães Neto, um
modelo de ensino para jovens a adultos que funciona (até o fim do ano letivo)
nos turnos diurnos e noturno.
Pelo amor de Deus. Fechar escolas para cortar custos é o suprassumo
da ignorância, estupidez e total falta de respeito para com o cidadão e descaso
para com o futuro do Brasil.
Que Zelândia, Mila, descanse em paz e que a sua luz ilumine a mente
dessas pessoas pequenas, mesquinhas, de horizonte pequeno conscientizem-se que
educação se faz com escolas, salas de aula, professores capacitados e bem
remunerados e sinceridade, não cortando custos do setor e sim, investindo cada
vez mais.
Felizmente ainda temos seres humanos capazes de fazer uma análise do verdadeiro valor de uma boa educação. Atualmente como foi relatado claramente no texto "Hipocrisia com a Educação" estamos enfrentando situações que nos levam a questionar onde estão os nossos valores educacionais. Este texto nos faz lembrar do tempo em que educação era sinônimo de prioridade, nos fazia sentir orgulho em responder quando questionados qual a nossa profissão e a resposta era imediata: ESTUDANTE. Éramos considerados construtores de um futuro melhor. E agora? Como vamos chegar a esse tão desejado futuro?
ResponderExcluirAgradecemos aos que ainda acreditam em nós. Obrigada SR. Virgílio por essa rica lembrança. E que Deus nos proteja e ilumine a consciência dos nossos representantes.